quarta-feira, 25 de abril de 2018

Preto, branco e vermelho

fotominimalismo




Foto: Cecília Vianna, abr 2018

Bajau, os ciganos do mar




A reportagem com o título Mutação genética que permite mergulho livre é descoberta no povo Bajau, os “ciganos do mar” da Indonésia, por Natasha Romanzoti (21abr 2018), é surpreendente!
Estudo conjunto das universidades de Copenhague, Cambridge e Califórnia, descobriu que os Bajau, povo que vive na Indonésia, têm baços geneticamente aumentados que lhes permitem mergulhar livremente em profundidades de até 70 metros.
Resposta de mergulho é uma reação fisiológica do corpo ao mergulhar e consta de diminuição da frequência cardíaca, contração dos vasos sanguíneos e baço, o que ajudará a economizar energia em condições de pouco oxigênio. A relação entre o tamanho do baço e a capacidade de mergulho nunca foi examinada em indivíduos no nível genético. “Agora, temos provas de que uma adaptação genética do tipo realmente ocorreu em seres humanos, tornando-os melhores em mergulhar”, informa a reportagem.


“Por mais de mil anos, o povo Bajau, conhecido como “nômades do mar” ou “ciganos do mar”, viaja pelos mares do sudeste asiático em casas flutuantes, coletando alimentos no oceano usando lanças. Agora instalados nas ilhas da Indonésia, são famosos em toda a região por suas extraordinárias habilidades de mergulho e retenção de ar. Os Bajau podem mergulhar até 70 metros usando nada mais do que um conjunto de pesos e um par de óculos de madeira.”
A pesquisadora Melissa Ilardo suspeitava que os Bajau poderiam ter baços geneticamente adaptados como resultado de seu estilo de vida marinho, baseada em descobertas em outros mamíferos. Por exemplo, a foca-de-weddell tem um baço desproporcionalmente grande. O mesmo poderia ser verdade em seres humanos.
“A contração do baço cria um aumento de oxigênio pela ejeção de células vermelhas do sangue para a circulação. Estudos já descobriram que essa reação fornece um aumento de até 9% no oxigênio, prolongando assim o tempo de mergulho.” Os Bajau têm um tamanho médio de baço 50% maior do que os Saluan. Os baços aumentados foram vistos até nos indivíduos Bajau que não mergulhavam. 
Os Bajau têm um gene chamado PDE10A que os Saluan não possuem. Acredita-se que o PDE10A controle os níveis do hormônio tireoidiano T4. Essa adaptação genética pode aumentar os níveis de tal hormônio da tireoide, o que, consequentemente, aumenta o tamanho do baço. 
O estudo também tem implicações para a pesquisa médica. “A resposta ao mergulho humana simula as condições de hipóxia aguda em que o tecido corporal sofre um rápido esgotamento de oxigênio. Essa é uma das principais causas de complicações e mortes nas salas de emergência hospitalares.” 
            Conclui a reportagem: “Este estudo é um exemplo maravilhoso do valor de estudar essas pequenas populações que vivem sob condições extremas”, disse o professor Eske Willerslev, orientador de Ilardo. “Muitas estão ameaçadas e isso não é apenas uma perda cultural e linguística, mas para a genética, medicina e ciências em geral. Ainda há muita informação a ser coletada dessas populações pouco estudadas”.