Depois de
viver o que passou a ser conhecido como o Século de Ouro – o século XVI –, a
Holanda foi invadida por franceses e espanhóis, entrando em declínio. Pois
ontem os holandeses vingaram-se dos espanhóis.
A seleção da Espanha, bicampeã europeia
e campeã do mundo na última Copa, chegou ao Brasil de salto alto. Era o time a
ser batido. Criticada por alguns pelo tipo monótono de jogo, alegaram,
impávidos, que jamais mudariam seu estilo. Morremos mas não mudamos
nosso estilo, declararam os arrogantes espanhóis. Pois ontem, quase morreram.
De vergonha!
Primeiro foi a praga do pênalti
inexistente (quem pisou no pé do adversário foi o centroavante espanhol). O
mais incrível é que o simulador é brasileiro, naturalizado espanhol. Agora sabemos
que não precisávamos mesmo dele, já temos o nosso. Enfim, 1 a 0 para a Espanha.
Em seguida veio um dos gols mais
bonitos de todos os tempos, e a Holanda empata o jogo no finalzinho do primeiro
tempo. O senhor Robin van Persie, nascido em Rotterdam, com 31 anos de idade e
1,84 m de altura, voou na grande área e,
de cabeça, encobriu o goleiro espanhol, considerado um dos melhores do mundo. A
beleza plástica do lance torna-o uma obra de arte imortal. Dificilmente haverá
gol mais bonito nesta Copa.
Depois veio o segundo tempo e foi
aquele massacre. Brilhou o senhor Arjen Robben, natural de Bedum, ao norte dos
Países Baixos, 30 anos, 1,80 m, que deixou o goleiro Casillas de gatinhas,
cercando frango na grande área.
Para terminar, um olé!
Nenhum holandês mais otimista,
nenhum comentarista esportivo competente (nem mesmo o incrível PVC), ninguém arriscaria
um resultado desses: 5 a 1 para a Holanda. Esta imprevisibilidade é um dos
encantos do futebol, a magnetizar metade da população do planeta.