sábado, 14 de junho de 2014

A vingança

Depois de viver o que passou a ser conhecido como o Século de Ouro – o século XVI –, a Holanda foi invadida por franceses e espanhóis, entrando em declínio. Pois ontem os holandeses vingaram-se dos espanhóis.
            A seleção da Espanha, bicampeã europeia e campeã do mundo na última Copa, chegou ao Brasil de salto alto. Era o time a ser batido. Criticada por alguns pelo tipo monótono de jogo, alegaram, impávidos, que jamais mudariam seu estilo. Morremos mas não mudamos nosso estilo, declararam os arrogantes espanhóis. Pois ontem, quase morreram. De vergonha!
            Primeiro foi a praga do pênalti inexistente (quem pisou no pé do adversário foi o centroavante espanhol). O mais incrível é que o simulador é brasileiro, naturalizado espanhol. Agora sabemos que não precisávamos mesmo dele, já temos o nosso. Enfim, 1 a 0 para a Espanha.
            Em seguida veio um dos gols mais bonitos de todos os tempos, e a Holanda empata o jogo no finalzinho do primeiro tempo. O senhor Robin van Persie, nascido em Rotterdam, com 31 anos de idade e 1,84 m de altura, voou na grande área e, de cabeça, encobriu o goleiro espanhol, considerado um dos melhores do mundo. A beleza plástica do lance torna-o uma obra de arte imortal. Dificilmente haverá gol mais bonito nesta Copa.
            Depois veio o segundo tempo e foi aquele massacre. Brilhou o senhor Arjen Robben, natural de Bedum, ao norte dos Países Baixos, 30 anos, 1,80 m, que deixou o goleiro Casillas de gatinhas, cercando frango na grande área.
            Para terminar, um olé!
            Nenhum holandês mais otimista, nenhum comentarista esportivo competente (nem mesmo o incrível PVC), ninguém arriscaria um resultado desses: 5 a 1 para a Holanda. Esta imprevisibilidade é um dos encantos do futebol, a magnetizar metade da população do planeta.