segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Milagre no Palmeiras!

A foto do dia!


Gabriel Jesus, 18 anos, ídolo da torcida palmeirense!

Foto: Marcello Zambrana, Folhapress.

Pelados e bípedes




Parente dos humanos, gorila carrega filhote 
agarrado nos pelos das costas

O bipedismo ainda carece de explicação convincente pela biologia evolutiva. São inúmeras as teorias apresentadas até agora, às quais junta-se a ideia de Lia Amaral, docente aposentada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). Segundo a cientista, que a despeito de uma carreira brilhante na Física tem se dedicado ao estudo da evolução das espécies, a perda dos pelos nos ancestrais dos humanos provocou uma pressão seletiva, levando ao bipedalismo.

Afirma Lia Amaral: “Tornar-se bípede é um esforço evolutivo imenso, que só pode ocorrer por forte pressão seletiva. Quando os ancestrais dos humanos perderam os pelos, os bebês não tinham mais onde se agarrar em suas mães, o que os forçou a abandonar o andar quadrúpede.”

Ela completa: “Não há bípede peludo, não há quadrúpede pelado. Para uma física, é evidente que há correlação necessária entre nudez e bipedalismo.”

Lia aplicou conhecimentos da Física para amparar sua hipótese, tais como a análise do equilíbrio na locomoção quadrúpede dos gorilas e concluiu que, para que o filhote não escorregue, o ângulo formado pela parte superior do seu corpo durante a locomoção tem de ser, no máximo, de 30 graus.

Par e passo, entre erros e acertos, longe da verdade definitiva, a Evolução das Espécies vai sendo lindamente decifrada.



Filme bom

Anna Muylaert

Filme bom é aquele sobre o qual a gente tem o que conversar depois que acaba.

Frase mais tosca, impossível. Mantenho-a mesmo assim, pois a tal conversa sobre o filme deve ser a mais livre e descontraída possível, regada de preferência com um bom vinho, num ambiente onde se possa conversar, é claro. Quanto mais rende o papo, melhor o filme!

Eis, portanto, o meu método de classificar os filmes:

★ O casal cabisbaixo deixa o cinema em profundo silêncio.

★★ Um olha para o outro, o ar interrogativo, Gostou? Fim de papo.

★★★ Saem até animados, Eu gostei, e você? Não sei não... Mas conversam por 1 ou 2 horas.

★★★★ Ainda nos créditos, Gostei muito! Eu também. Vamos comer uma pizza? Só se tiver vinho... A conversa dura até o fim da noite.

★★★★★ Animação total, euforia mesmo, ótimo jantar, vinho melhor ainda, e a conversa se estende por vários dias, às vezes por meses; a lembrança, pra sempre.

Tosca como a primeira frase desta crônica, esta classificação tem um único objetivo: comparar dois filmes recentíssimos, ambos apresentados com destaque pela mídia: Que horas ela volta? e Homem irracional, o primeiro, de Anna Muylaert, o segundo de Woody Allen.

Difícil comentar um filme sem revelar o enredo, o que deve ser evitado a todo custo. (Os psicanalistas sempre ficam sabendo da história antes de ver o filme...)

Regina Casé revela-se uma grande atriz, para figurar entre as melhores. A protagonista do Homem irracional salva-se apenas no final do filme quando, num ataque histérico, começa a falar (ou gaguejar) como o Woody Allen.


Que horas ela volta? ★★★★★

Homem irracional ★★

Dor da perda

Na hora de sacrificar o cão com doença terminal o dono pondera:

– Mas ele ainda abana o rabo pra mim...

casal brigado



de nome engraçado
mais uma orquídea floresce
a "casal brigado"

Foto: A.Vianna, jardim, ago 2015.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Gabriela vai às compras

Em poucos dias Gabriela fará 5 anos, mas desde já orgulha-se muito deste assombroso feito, ao mostrar os cinco dedinhos da mão direita às pessoas que perguntam pela idade dela no supermercado, onde fomos às compras na última sexta-feira.
Ao sair do mercado fomos cercados, como de hábito, por uma legião de vendedores avulsos, oferecendo vassouras, rodos, espanadores, camarão graúdo, laranja pera e poncã, morango, abacaxi, coco, água de coco, pamonha, alho, marmitas prontas para o almoço, panos de prato, sacos de lixo, paninhos bordados para enfeite de cozinha, cada um se virando como pode...
Descarregamos as compras e entramos no carro, Gabriela no banco de trás, como manda a lei. Preparava-me para dar a partida quando chegou mais um vendedor.
Antes que ele abrisse a boca, com indisfarçável impaciência, rechacei-o:
– Não, muito obrigado!
Ao que Gabriela observou, de imediato:
– Ô vô, você nem deixou ele falar...

Permaneci mudo por algum tempo, sem saber o que dizer. Dei uma desculpa qualquer e partimos.

A culpa do outro

Charge do dia


A culpa é sempre do outro...

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Arvo Pärt, na hora da morte

             




            Aprendi a ouvir música erudita com minha mãe. (Não faço ideia com quem ela aprendeu, se é que aprendeu com alguém.) Aprender talvez não seja a palavra mais apropriada; quero dizer apenas gostar.
            Mas havia com frequência uma nota triste nas observações dela sobre determinadas peças, o que impressionava demais o menino pequeno, que o fazia pensar, a meio caminho entre o entendimento e o puro sentir. Dizia minha mãe, Quando eu estiver morrendo peço que coloquem esta música, que assim morro mais depressa.
Para o menino, se por um lado havia o alívio do sofrimento – o morrer mais depressa –, havia também a ameaça da perda da mãe, embora ela estivesse perfeitamente saudável naquele momento. Enfim, um conflito.
Uma dessas músicas era o terceiro movimento da Sinfonia n0. 3 de Brahms. (Caso o leitor queira ouvi-la: https://www.youtube.com/watch?v=1trE3ms3AGo )
            Havia outras, sempre de autoria dos clássicos, Beethoven o predileto. Villa-Lobos era muito barulhento; Stravinsky, nem pensar. Quanto mais bela, tocante, sublime a música, lá estava o bordão, Quando eu estiver morrendo...
Peter C. Bouteneff, Professor de Teologia Sistemática na Inglaterra, onde oferece cursos de teologia antiga e moderna, assina o artigo de capa da revista music, da BBC, especializada em musica erudita. Na capa do último número, Arvo Pärt, o compositor erudito mais tocado atualmente, segundo o próprio Bouteneff!
Assim Bouteneff inicia seu artigo (em tradução livre):

“Arvo Pärt é um compositor cuja música transcende qualquer classificação e seus próprios ouvintes. Ele não é uma unanimidade; alguns mostram frieza diante de sua música ou revelam irritação por não compreendê-la. Porém seus admiradores tendem a ser ardentes, zelosos em sua devoção. Eles vão a Pärt para pensar – ou não pensar. Eles o ouvem para criar sua própria arte ou comungar com Deus. Pessoas portadoras de doenças terminais – são incontáveis os testemunhos – ouvem sua música à medida que se aproximam da hora da morte, encontrando uma voz que os compreenda, uma companhia confiável para sua jornada.”

            Ao ler este texto, não pude deixar de me lembrar de minha mãe! Hoje, na velhice, posso compreendê-la por completo. Morrer em paz talvez seja um desejo universal. Se a música puder ajudar...

De profundis, do estoniano Arvo Pärt: