segunda-feira, 22 de março de 2021

Ah! os passarinhos

Ao meu amigo Moisés


Ardoroso fã de Darwin, estudioso da Evolução das Espécies, concluiu:

– No cume dessa evolução estão os passarinhos.

Sobre árvores e tucanos

 

Foto: Mercêdes Fabiana

 

Uma árvore morta tem sua serventia: não a derrube. Deixe que a natureza o faça, ressecando os galhos ao sol, apodrecendo-os com a chuva, para que se desfaçam lentamente. 

 

Uma árvore desfolhada tem sua serventia: sem as folhas para atrapalhar, os galhos nus são campos de pouso perfeitos para os desajeitados tucanos.

 

Tucanos são monogâmicos e os cuidados dispensados às crias são biparentais. Por isso afirmo que a fotografia acima mostra um casal – não há dimorfismo sexual –, pousado em altos galhos, a planejar o destino do próximo voo ou esperar pela chegada do bando, já que a espécie tem comportamento altamente social. 

 

Desde criança me pergunto para que o tucano precisa de um bico tão grande. Ainda hoje sinto o medo infantil que durante o voo ele embique em direção ao solo e se esborrache com o bico enterrado no chão. 

 

Quando vejo o casal na árvore desfolhada, muitas vezes debaixo de sol escaldante, agora sei que o tal bico desproporcionalmente grande, porém bem leve, de um colorido exuberante, tem função termorreguladora, pois funciona como dissipador de calor.

 

A fotografia acima me parece bela por três razões. Primeiro porque revela a utilidade de uma árvore morta que ainda preserva seus galhos ressequidos; segundo, serve de pouso aos desajeitados tucanos; em terceiro lugar, porque é bela por si mesma: o fundo branco – tirada na contraluz –, o contraste com os galhos negros, o forte colorido dos bicos, dois tucanos conversando a conversa de tucanos.

 

A fotografia abaixo para mim é ainda mais bela porque foi tirada por minha mulher.