terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Fome na Coreia do Norte

Segunda foto do dia


“Cerca de 25 mil crianças necessitam de tratamento imediato contra a desnutrição depois que uma seca reduziu a produção de alimentos em um quinto e o governo de Kim Jong-un diminui a quantidade das rações distribuídas à população, alerta a Unicef, de acordo com o jornal britânico Guardian, nesta terça-feira (26). A informação é relevante diante da falta de notícias precisas sobre um dos regimes mais fechados do mundo.”

http://epoca.globo.com/tempo/filtro/noticia/2016/01/unicef-alerta-que-25-mil-criancas-estao-desnutridas-na-coreia-do-norte.html




Xadrez, obra do diabo?



Sob o título Razões para proibir o xadrez, o artigo de Leontxo García publicado no El País de 24/1/2016 dá o que pensar. O grão-mufti (autoridade religiosa) da Arábia Saudita acaba de proibir o jogo de xadrez em todo o reino!
Afirma Abdulaziz al-Sheikh, o tal grão-mufti, sobre o jogo: “Faz do pobre um rico, e do rico um pobre. Cria hostilidade e faz perder tempo”. Ou seja, iguala aqueles que o praticam, e isso é considerado um problema.
O grão-mufti diz ainda que o xadrez estimula apostas em dinheiro, o que é proibido pelo Corão. Isso ocorria na Idade Média, mas desapareceu desde então. Alerta Garcia: “Há apostas na Internet sobre o resultado dos torneios, como ocorre em quase todos os outros esportes. Mas é muito improvável que Abdulaziz al-Sheikh se refira a isto, porque então teria de proibir todos os esportes.”
E o grão-mufti continua: “O xadrez é obra de Satanás”. O imã Khomeini já havia proibido o jogo logo após o triunfo da Revolução Islâmica do Irã, em 1979, afirmando: “O xadrez é um jogo diabólico que perturba a mente de quem o pratica”. Khomeini mudou de ideia antes de morrer e o Irã é hoje uma das grandes potências do xadrez asiático.
O Talibã afegão também o proibiu, em 1996, e os jogadores da seleção nacional tiveram que fugir do país para participar das Olimpíadas de Xadrez e de outros torneios.
Leontxo García enumera uma curiosa série de proibições ao longo dos séculos: “[O xadrez] foi proibido em algum momento pelo cristianismo, pelo islamismo e pelo judaísmo. Buda vedou os jogos praticados nos tabuleiros de oito por oito casas. O monge cisterciense francês São Bernardo de Claraval, no século XII, definiu o xadrez como “um prazer carnal”. O arcebispo de Florença achava o xadrez “vergonhoso, absurdo e asqueroso”. E algo parecido ocorreu no século XIII com o arcebispo de Canterbury, que qualificou o xadrez como um “vício execrável” e condenou o prior de Norfolk a três dias a pão e água após descobrir que ele era enxadrista. Durante os tempos da Santa Inquisição, o famoso Savonarola, confessor de Lourenço de Médici, ameaçou à condenação eterna quem fosse flagrado jogando xadrez. Finalmente, embora por razões muito distintas, o Governo chinês proibiu o xadrez (assim como a música de Beethoven e tudo aquilo que tivesse qualquer ar “ocidental”) no contexto da Revolução Cultural (1966-1976).”
            O papel dos árabes na evolução histórica do xadrez foi fundamental. Eles o difundiram entre os persas e o levaram para a Espanha. De início era praticado pelos ricos, mas nos séculos seguintes difundiu-se a tal ponto que “o rei Alfonso X, o Sábio, escreveu no século XIII um livro de xadrez onde sugere a ideia de que esse jogo seria uma magnífica ferramenta para favorecer a boa convivência entre muçulmanos, judeus e cristãos”, afirma Garcia. Atualmente a Federação Internacional de Xadrez aglutina 188 países, inclusive quase todas as nações muçulmanas.
Qual então a verdadeira ameaça representada pelo jogo do xadrez? Leontxo García conclui seu artigo de forma magistral: “o fato de os cidadãos pensarem pode ser muito perigoso para os líderes extremistas irracionais”.
A célebre frase de Guimarães Rosa, repetida à exaustão no Grande Sertão, – “viver é muito perigoso” –, também pode ser expressa e resumida da seguinte maneira:

– Pensar é muito perigoso!


Foto: www.tomcoelho.com.br



Luzes na neblina

A  foto do dia.


Rua em Nova Deli.

Foto: Marish Swarup / AP

Perdendo feio

Não estou certo se a população já reparou que temos um novo discípulo de Vicente Mateus (1908-1997), ex-presidente do Corinthians por 8 mandatos a partir dos anos 60, conhecido pelas máximas que proferia.
Pois agora temos o novo ministro da saúde (assim mesmo, com minúsculas), o senhor Marcelo Castro, deputado oriundo do chamado baixo clero.
Atarantado com o mosquito e os 3 vírus que carrega, Castro afirmou “torcer para que as mulheres em idade fértil peguem a doença antes de engravidar.” Esta, nem Vicente Matheus! Pois vamos juntar todas as mulheres em idade fértil do Brasil em grandes estádios fechados e soltar a mosquitada em cima delas! Vai ser uma festa.
Há 15 dias o tal ministro afirmou que “o vírus zika pode produzir uma geração de sequelados”. Que sensibilidade, meu deus, para com os pais e parentes dos bebês acometidos de microcefalia! Desta vez Castro não mentiu; a afirmação é verdadeira, infeliz e tristemente para o país. Mas a frase é desastrada, pela sua brutalidade.
Há poucos dias nosso ministro falou mais uma verdade, e ainda de forma destrambelhada: “O Brasil está perdendo feio a batalha para o Aedes aegypti.”
Informa a mídia que a declaração irritou a presidente Dilma, e o autor foi chamado ao Planalto para um pito daqueles. Mais uma vez por falar a verdade, à moda de Vicente Matheus. Diga-se de passagem, a irritação da presidente é o menor de nossos problemas.
A verdade é que o zika se espalha em velocidade alarmante pelo país, e as consequências saberemos apenas daqui a alguns anos. Em 2015, a dengue atingiu a marca de 1,6 milhão de registros, com 863 mortes. Sem falar na chicungunha, a atormentar ainda mais a população.
O Ministério da Saúde não pode ser colocado na posição em que se encontra hoje, vítima de uma barganha por votos contra o impeachment. Assim fica fácil para o Aedes aegypti: é batalha perdida na certa.



quintal





a vista ideal
mais parece a mata atlântica
fundo de quintal


Fotos: A.Vianna, jan 2016.