Hypnos, deus do sono, filho de Nix (a noite) e Érebro (as trevas).
Com o sugestivo título O mistério da Hipnose, Márcio Diniz
publica pequeno artigo para o site Universidade do Cotidiano, em parceria com
Catraca Livre (28/11/2016). Parece que o artigo
original é de Jéssica Tomio Ehmke.
Interessantíssimo o relato. Em
1997, o psiquiatra americano Henry Szechtman fez experiência com oito pessoas,
que foram vendadas e ouviram a gravação: "O homem não fala muito. Mas, quando
ele fala, vale a pena ouvir o que diz".
O pesquisador desligou o som e pediu
aos voluntários que imaginassem a frase novamente. Em seguida hipnotizou a
todos e informou que iria repetir a gravação, mas mentiu, não havia som algum. Porém,
o grupo informou ter ouvido a mesma gravação.
Eles sofreram uma alucinação auditiva. Ao
monitorar seus cérebros, Szechtman confirmou que durante a alucinação e a
gravação, a atividade cerebral era a mesma. Quando as pessoas apenas imaginavam
a frase, a atividade cerebral era diferente.
Conclui o estudo: “a hipnose existe e é
uma simulação perfeita da realidade, muito mais forte que a imaginação. Uma
pessoa hipnotizada pode realmente ver, ouvir e sentir o que é sugerido.”
Aproveito este relato para registrar
minha experiência pessoal sobre o assunto. Frequentava eu o último ano do curso
de Medicina quando, por razões insuspeitas, interessei-me pela hipnose. Li
alguns livros, estudei a técnica, busquei uma cobaia para minha primeira
tentativa de tornar-me um hipnotizador.
Escolhi minha irmã, com 15 anos, e que,
surpreendentemente, aceitou o desafio.
Hipnotizei-a
com facilidade! Nem eu mesmo acreditava no que estava vendo. E para confirmar o
fato, dei-lhe uma ordem pós-hipnótica, que às 3 horas da tarde em ponto ela
ligasse a televisão.
Ora, não era hábito da menina ver tevê àquela hora. Por isso, temi que ela não cumprisse a estapafúrdica ordem, mesmo
que lhe viesse à consciência o desejo de fazê-lo.
Esperei ansiosamente pelo horário
marcado. Pois às 3 em ponto, tendo meu irmão como testemunha, ela virou-se para
mim e disse:
– Estou com muita vontade de ligar a
televisão, mas nessa hora não tem nada pra ver, não é mesmo?
– Nada, respondi. E ela se afastou sem
dizer palavra.
Na mesma época, no hospital em que estudava,
hipnotizei um colega um ano mais novo e dei-lhe a seguinte ordem pós-hipnótica:
– Quando eu colocar minha mão em seu
ombro e disser DORME, você cairá em sono profundo.
Eu dava a ordem sempre perto de um sofá
ou poltrona, pois ele dormia imediatamente, para espanto dos colegas.
Por razões igualmente insuspeitas
encerrei subitamente minha carreira de hipnotizador. Penso que fiquei com muito
medo de lidar com algo que eu nem mesmo compreendia.
Já no período de formação em
psicanálise, 40 anos mais tarde, uma colega me perguntou surpresa:
– Mas existe mesmo esse negócio de
hipnotismo?
Ao que respondi com segurança:
– Claro que existe! É um estado
alterado da consciência. (Agora, o que isso quer dizer, até hoje não
descobri...)