segunda-feira, 16 de maio de 2022

A arte de Aurora Cursino

Pintura sem título e sem data de Aurora Cursino

Coleção: Museu de Arte Osório Cesar. Cortesia: 

Complexo Hospitalar do Juquery 

e Prefeitura de Franco da Rocha.

Foto: Gisele Ottoboni/ Prefeitura de Franco da Rocha.

 

 

Publicação a ser lançada na próxima quarta-feira, Dia da Luta Antimanicomial: biografia "Aurora: Memórias e Delírios de Uma Mulher da Vida", de autoria da historiadora Silvana Jeha e do psicanalista Joel Birman. 

“A dupla reconstrói a vida dessa anti-heroína com base em documentos de diversos arquivos, notícias de jornal e nos próprios escritos da artista, intercalando o texto com pinturas dela e sugerindo conexões dos quadros com fatos da vida de Cursino.” 

"Puta, louca e finalmente artista, ela condensa em sua obra algo que diz respeito a todas as mulheres", escrevem os autores na introdução do livro. "Sobretudo, o que ela pinta é o patriarcado. Os quadros dela são basicamente um ataque do patriarcado à mulher. Se alguém desenhou para mim o que é o patriarcado, foi a Aurora", afirma Jeha, em entrevista. A autora acrescenta que muitos temas tratados nos quadros da artista viriam a aparecer décadas mais tarde na arte feminista, engajada.”

“Cursino aprendeu a pintar na Escola Livre de Artes Plásticas do Juquery, onde a pintora Maria Leontina deu aulas durante alguns anos. Suas telas a óleo misturavam personagens das ruas do Rio de Janeiro, autoridades do governo e representações de si mesma e dos filhos que teria tido com escritos que davam dicas sobre as situações retratadas. Suas frases não eram muito claras e ela tratava a palavra como imagem, afirma Raphael Fonseca, um dos organizadores da exposição "Raio que o Parta", em cartaz agora em São Paulo, no Sesc 24 de Maio.”

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/05/quem-foi-aurora-cursino-artista-lobotomizada-que-pintou-a-submissao-feminina.shtml

 

Avaliação do desempenho de cotistas e demais alunos da USP


 

'Colegas viajavam para fora nas férias, e eu trabalhava', 

diz cotista recém-formado na USP

Karime Xavier/Folhapress

 

 

 

“Diferença entre nota de cotistas e demais alunos na USP cai ao longo do curso.”

Reportagem de Laura Mattos, para a Folha de S. Paulo hoje (15).

 

Desde o lançamento do programa de cotas assumi posição francamente favorável, ainda atuando na vida universitária, mesmo no tempo em que o assunto era ainda mais polêmico do que nos dias atuais. Portanto, é com imensa alegria que tomo conhecimento da presente pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo. Vejamos os destaques da pesquisa.

“Na formatura da primeira turma da Universidade de São Paulo, desde a implementação da política de cotas para estudantes de escolas públicas e para pretos, pardos e indígenas, uma pesquisa inédita obtida com exclusividade pela Folha revela que o desempenho dos cotistas foi pouco inferior ao dos demais alunos e melhorou progressivamente ao longo do curso, tornando a distância entre as notas cada vez menor.”

“O estudo acompanhou por quatro anos as notas dos cerca de 11 mil ingressantes da capital paulista de 2018, quando começou o programa de cotas. Parte desses estudantes, aqueles das faculdades de quatro anos de duração, graduaram-se no início de 2022, em razão do atraso da pandemia, e estão recebendo agora o diploma.”

“De acordo com a pesquisa sobre o desempenho desses alunos, mesmo nas faculdades mais concorridas, a distância máxima entre os oriundos de escolas públicas e os de particulares foi de 1,2 ponto na mediana das notas, de 0 a 10. A mediana é a nota central de cada grupo —50% dos alunos estão acima dessa marca e os outro 50%, abaixo. Essa diferença de 1,2 ponto se deu no 1º semestre de 2018. Já no 2º semestre de 2019, ou seja, no último boletim pré-pandemia, a distância havia sido reduzida para menos de um ponto, 0,9 na média. No fim de 2021, após quase dois anos de aulas online, foi de 0,7.”

“Para a coordenadora da pesquisa e professora da FFLCH, Marta Arretche, os dados demonstram que a inclusão dos cotistas não compromete a excelência da USP. A hipótese de que as cotas poderiam reduzir a qualidade da universidade costuma ser aventada por críticos das políticas de inclusão. "Essa é uma preocupação legítima, mas que se baseia em suposições", afirma.”

“Reitor da USP e professor de medicina, Carlos Gilberto Carlotti Junior afirma que a pesquisa sobre o desempenho dos estudantes comprova que "o programa de cotas acerta ao acreditar no potencial das pessoas". "São alunos que não tiveram uma educação da mesma qualidade que os de escolas privadas, mas têm potencial para superar essa diferença e chegar ao final da graduação com as mesmas condições."

Arretche e Carlotti não acreditam na possibilidade de que a exigência nas aulas e nas provas tenha sido reduzida. A coordenadora da pesquisa aponta que, muitas vezes, há diferença grande de notas em cada grupo. "Há alunos escolas particulares, brancos ou PPI, que tiram 10 e os que tiram zero, da mesma forma que os de escolas públicas."

Ela pondera que "notas nunca são perfeitas para avaliar alunos", mas são "o instrumento mais aproximado para observar empiricamente o desempenho". Por isso, ressalta, é importante que o estudo seja prolongado.”

“Para o reitor, "não há, desde a implementação das cotas, nenhuma sinalização de queda de prestígio da USP, da produção acadêmica, científica". "A USP precisa mostrar para a sociedade que o programa de cotas é interessante, aumenta a diversidade e qualifica ainda mais as nossas pesquisas, porque temos alunos de diversas realidades, vivências e pensamentos", afirma. "As grandes universidades internacionais têm programas de inclusão altamente fortalecidos. Se a universidade brasileira ficar fora disso, estará excluída do mundo acadêmico", complementa o reitor.”

Estas são ótimas notícias, fruto de estudos científicos qualificados.

 

 

https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2022/05/diferenca-entre-nota-de-cotistas-e-demais-alunos-na-usp-cai-ao-longo-do-curso.shtml