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quinta-feira, 8 de julho de 2021

Espumante russo vira champanhe por decreto


 

O presidente russo Vladimir Putin segura taça 

durante cerimônia no Kremlin

Pool New / Reuters

 

 

“Vladimir Putin estourou a batalha do champanhe. O presidente russo sancionou uma nova lei decretando que apenas os champanskoe, os populares e acessíveis espumantes criados na época soviética como fórmula para democratizar o luxo, podem ser etiquetados como champanhe a partir de agora na Rússia. Os borbulhantes vinhos estrangeiros — inclusive os da região da Champanha, nordeste da França –, protegidos por uma denominação de origem controlada e fabricado apenas com certas variedades de uvas e um processo de maturação específico— serão rotulados e classificados como “vinhos espumantes” no mercado russo.”

 

A ilusão do ditador é pensar que pode governar indefinidamente por decreto.

 

 

https://brasil.elpais.com/internacional/2021-07-06/putin-decreta-que-so-espumante-russo-e-champanhe.html

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Terroir existe?

 

Solo, microclima, variedade da uva e ação do homem interferem 
na qualidade e personalidade dos vinhos. 
Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

 


A coluna Le Vin Filosofia, de Suzana Barelli, para o Estadão (9 fev 2021) traz o interessante título Terroir existe? 

A palavra terroir (sem tradução para o português), significa “o conjunto do solo, do microclima, da variedade plantada e da ação do homem em um vinhedo”. Um bom terroir produz vinhos de qualidade, característicos da pequena região onde suas uvas são cultivadas.

Afirma Barelli: “Os monges cistercienses foram os pioneiros no terroir na Borgonha, região que atualmente utiliza o termo climat, ainda mais preciso. Durante a Idade Média, por séculos, os monges observaram e anotaram o comportamento de cada variedade cultivada em cada parcela de vinhedo. Conseguiram definir que a chardonnay, nas brancas, e a pinot noir, nas tintas, eram as variedades para o solo e o microclima da Borgonha. Mais que isso: perceberam que conforme o local em que era cultivada, resultava em vinhos diferentes, mesmo se vinificado da mesma maneira. A explicação estava no terroir.”

Pesquisa efetuada pela Catena Institute of Wine, da vinícola argentina do mesmo nome, conseguiu comprovar, oito séculos depois, que o terroir realmente existe e pode ser identificado. “O trabalho “Perfil sensorial e fenólico dos vinhos malbec de distintos terroir de Mendoza, Argentina”, publicado na Scientific Reports, da Nature, criou um modelo para medir o terroir, a partir da analise química de vinhos e que permitiu identificar de que parcela (ou terroir) vem cada um deles.”

“Ao todo foram comparadas três safras, as de 2016, 2017 e 2018, em um total de 201 vinhos, todos malbecs vinificados da mesma maneira e vindos de quatro níveis diferentes de terroir, dos maiores, como as regiões e os departamentos de Mendoza, aos menores, com foco em 23 parcelas, cada uma com menos de um hectare.”

“O modelo aplicado para estas pequenas parcelas nos permite identificar corretamente o vinho que vem de cada uma delas, com uma porcentagem entre 83% e 100% de confiança. Isso é fantástico e nos permite confirmar que o que chamamos de terroir existe”, afirma Fernando Buscema, um dos autores do estudo.

A descoberta é importante para o consumidor porque permite comprovar a origem do vinho, além de combater fraudes. 

Conclui Buscema: “A ciência pode conviver com a arte de fazer vinho. É compartilhar os segredos do artista, que elabora o vinho, para que mais produtores tenham a possibilidade de produzir grandes vinhos por séculos”. Tudo em nome do terroir.

Quem aprecia um bom vinho há de gostar desta descoberta.

 

 

https://paladar.estadao.com.br/noticias/bebida,terroir-existe,70003609510

domingo, 8 de novembro de 2020

Sossego


Sossego é o nome do vinho, estampado em chamativo rótulo, produzido pela Herdade do Peso, no Alentejo. 

            A surpresa vem quando leio o contrarrótulo, em busca de mais informações sobre a bebida:

 

“Haja sossego, que se vai abrir um segredo alentejano. Haja calma, tempo e quietude para apreciar à mesa o corpo e a alma da Vidigueira. Haja sossego alentejano para criar espaço na agitação do dia-a-dia e sentir a singularidade das planícies onduladas da Herdade do Peso, esse lugar único onde nasce este vinho. Oiça-o, respire-o, saboreie-o sem pressa. O nome diz tudo.”

 

Então não é uma poesia?! Trata-se, com diz o texto, de vinho para o dia a dia, observação franca, honesta e verdadeira.

        Esses portugueses...  

terça-feira, 27 de outubro de 2020

A enologia é uma fraude?

 

A coluna de Marcos Nogueira para Cozinha Bruta, da Folha de S. Paulo (22 out 2020), intitulada “Restaurante vende garrafa de R$ 11 mil, serve vinho da casa e cliente nem percebe”, há de interessar aos bebedores de vinho, além de ser deliciosa. Relata ele:

 

“Deu na revista inglesa “Decanter”, uma das publicações mais sérias sobre vinhos no mundo: em Nova York, os garçons de um restaurante serviram por engano o vinho da casa, de R$ 100, a um grupo que havia pedido uma garrafa de R$ 11,2 mil. Foi no Balthazar, bistrô do SoHo que atrai tanto turistas durangos quanto gente com dinheiro.

Duas mesas chegaram mais ou menos ao mesmo tempo. Numa delas, um casal jovem que pediu o vinho mais barato de todos; na outra, foi comandada uma garrafa de Château Mouton-Rotschild 1989, o item mais caro do restaurante. Os clientes eram gente de Wall Street. Os garçons puseram os dois vinhos em decanters (garrafas sem identificação) idênticos. Serviram o vinho barato para os caras do mercado financeiro, e o outro para o casalzinho que só queria comer e dar risada. ...Nenhuma das mesas percebeu a troca. Um dos sujeitos que pediram o vinho caro teria chegado a elogiar a “pureza” do vinho de cem contos. Foi a própria equipe do Balthazar quem detectou a mancada – e deixou os vinhos de graça para todo mundo.”

 

https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2020/10/22/restaurante-vende-garrafa-de-r-11-mil-serve-vinho-da-casa-e-cliente-nem-percebe/

 

         O assunto é importante, tanto que mereceu a crônica de hoje de Hélio Schwartsman, também para a Folha (26.out.2020), com o bombástico título – ele é especialista em manchetes! – A enologia é uma fraude? Depois de comentar sumariamente sobre o que escreveu Marcos Nogueira, Schwartsman expõe sua ideia:

 

“O problema, como sempre, são os nossos cérebros. Quando eles não têm informações suficientes para emitir um juízo, catam qualquer pista que esteja à mão, seja ela relevante ou não, e proferem seu parecer como uma conclusão irrefutável.

A dificuldade, no caso da enologia, é que o paladar e o olfato humanos não são bons o bastante para julgar vinhos, pelo menos não no nível que os "sommeliers", com seu vocabulário rebuscado e esnobe, fazem crer que é possível. Aí o cérebro, para não ficar mal, apela para rótulos, preços, críticas etc.”

 

Então Schwartsman recorre à Ciência:

 

“Estudos da psicologia do gosto, iniciados nos anos 60 por Rose Marie Pangborn, só não acabaram de vez com a reputação da indústria enológica porque não são muito divulgados. Pangborn mostrou que bastava adicionar um pouco de corante a vinhos brancos para deixar os especialistas completamente perdidos.
Na sequência, outros trabalhos revelaram que, em copos escuros, estudantes de enologia não conseguem mais distinguir vinhos brancos de tintos e que basta trocar os rótulos das garrafas para que especialistas rasguem elogios a vinhos "objetivamente" medíocres.

No caso de Nova York, a pista mais conspícua era o preço.” 

 

         Longe, muito longe de me considerar um enólogo, adquiri certo hábito que talvez possa interessar. A primeira prova, depois que o vinho é colocado em um decanter, pode ser enganosa. Degusto, faço minha avaliação, mantenho o silêncio, e prossigo bebendo. Lá pelo meio da garrafa, posso confirmar a primeira impressão ou descartá-la completamente. (Às vezes nem chego ao final da garrafa.)

         Não sei como explicar tal experiência. Talvez o cérebro precise de algum tempo para chegar à conclusão definitiva e sempre pessoal sobre a qualidade do vinho.

 

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2020/10/a-enologia-e-uma-fraude.shtml

 

 

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Vinhos na Mantiqueira



Vale do Paraíba visto da Mantiqueira


Minha infância transcorreu com relativa felicidade ao pé da Serra da Mantiqueira, em Guaratinguetá, ou apenas Guará, e da Mantiqueira guardo as melhores recordações, orgulho mesmo por ter crescido em região tão linda como o Vale do Paraíba. 
            Agora, já velho, me deparo com a notícia que a região – mais precisamente Espírito Santo do Pinhal – tornou-se produtora de vinhos premiados, graças a uma engenhosa técnica de cultivo. A reportagem é de Marcelo Toledo (18 jan 2020) para a Folha de S.Paulo, com a manchete Vinícolas adotam colheita no inverno e colecionam prêmios.
Há 10 anos a família de Eduardo Junqueira Nogueira Junior iniciou a produção de vinho em Boa Esperança, de Minas Gerais, seguida por outras vinícolas em São Paulo; todos adotaram a “dupla poda dos vinhedos, transferindo a colheita do verão, como tradicionalmente ocorre, para o inverno. A alteração, aliada à amplitude térmica (diferença entre temperatura mínima e máxima do dia), tipo de solo e manejo, fez com que jovens vinícolas que entraram no mercado há menos de uma década passassem a colecionar prêmios e ampliassem suas produções de olho num mercado de vinhos de boa qualidade.”
“Colhendo no inverno, o período de maturação da uva ocorre em dias ensolarados, com noites frescas e solo relativamente seco, cenário apontado por pesquisadores como fundamental para o perfeito amadurecimento das uvas e qualidade dos vinhos.”
“O ciclo invertido da videira existe desde 2001, a partir do trabalho de pesquisadores da Epamig (empresa de pesquisa mineira) de Caldas, mas comercialmente passou a ser adotado só nos anos seguintes.  
          As condições climáticas do sul de Minas e de regiões de São Paulo permitem dois ciclos anuais para a cultura e o cenário do outono/inverno era semelhante ao das melhores regiões vinícolas do mundo. Seguindo a fórmula, a Guaspari passou a produzir uvas em 2006 no solo granítico da fazenda em Espírito Santo do Pinhal (SP), que remete à região do Vale do Rhône (França), na altitude (850 m a 1.300 m) e na amplitude térmica, que chega a 20ºC.”
Eis a essência do sucesso: “No cultivo tradicional, a videira é podada em agosto, para brotar em setembro, florescer em outubro, formar cacho em novembro e iniciar a maturação em dezembro, para ser colhida em janeiro e fevereiro.
Na dupla poda, o ciclo começa com a poda em janeiro, florada em fevereiro, formação do cacho em março e início de maturação em abril. A colheita ocorre entre o fim de maio e início de agosto. Assim a maturação ocorre com tempo seco, e “reduz os riscos de podridões dos cachos provocados por fungos”. 
Santificada seja a Serra da Mantiqueira!





Foto: AVianna, jul 2016
Nikon D7200



quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Espumante Casa Perini


O Casa Perini Moscatel (1º à esquerda) é o vinho brasileiro mais bem colocado


O espumante brasileiro Casa Perini Moscatel, da vinícola Perini, foi o escolhido como o quinto melhor vinho do mundo pela Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Licores (WAWWJ).