Querida Suzete,
releve meu silêncio. Ainda abatido com a morte de minhas amadas Falena e Juliette, ando sem ânimo para escrever, remoendo o luto. Porém, escrever a você me ajuda a recuperar a alma, é terapêutico – repito sempre. (Procuro outro cão de guarda, pessoa que imponha respeito, que meta medo e afaste malfeitores. Mais que isso, que seja meu amigo.)
Preciso comentar sua última carta. (http://loucoporcachorros.blogspot.com/2019/05/suzete-vai-outro-mundo-e-volta.html) Foi a mais bem escrita que jamais me enviou, Suzete! E o mote – Estamos A Falar De Outro Mundo – nem era tão bom assim, mas você foi longe. Você é uma escritora e merece meus parabéns pelo dia de hoje, Dia do Escritor. Continue escrevendo, faz bem à saúde.
Procuro cuidar da minha saúde mental, PRECISO cuidar da minha saúde mental. Outro dia um grande amigo, irmão mesmo, disse que estou ficando intolerante. Aquilo me abalou, me abalou porque eu já sabia disso, mas ouvir assim na lata foi uma porrada, custei a digerir, porque sei que se trata da reafirmação inequívoca do processo de envelhecimento cerebral, a acentuação de traços preexitentes. O traço intensificado, ampliado, surge sem que eu possa controlá-lo. Pedir desculpas não resolve. Às vezes penso que o silêncio é a solução, porém até manter-se em silêncio é difícil em determinadas situações, especialmente quando tenho alguma opinião formada sobre o assunto, como: Crianças Precisam Ir À Escola. Melhor não ter opiniões formadas...
O que, de certa forma, sugere que estou vivo, isso de me abalar com uma porrada. (Sem que tenha o desejo de retribuí-la.)
Manter o Loucoporcachorros sempre atualizado é outra forma de me sentir vivo. Notícias comentadas, meus quadros favoritos, mais recentemente a Galeria de Família, com pequenos textos a ilustrar as fotografias antigas, as fotografias do jardim acompanhadas de sofríveis haicais (que, penalizado, meu irmão elogia), e suas cartas, Suzete, que fazem sempre enorme sucesso.
E la nave va.
De repente, uma surpresa. Encontrei um novo amigo! Conversamos conversamos conversamos, sobre tudo, às vezes sobre nada, passa o tempo, o tempo voa, anoitece, nem damos conta, Moisés é de uma docilidade ímpar, e nem um pouco intolerante, um espírito superior. Faz-me bem.
Pronto, aqui está minha resposta, querida Suzete, na expectativa de uma sempre adorável resposta sua.
Do amigo de sempre, com saudade,
andré
Um bom amigo é um salvador. Que cartinha melancólica...
ResponderExcluirAfinal temos todos as nossas intolerâncias.
Ansioso para saber o que a Suzete vai achar sobre essa nova amizade.
ResponderExcluirQuanto a intolerância, relembro a citação libertadora que devo ter lhe dito numa dessas conversas.
"Há um limite em que a tolerância deixa de ser virtude." Edmund Burke
Concordo plenamente com a última frase. Quanto a Suzete, ela vai querer conhecer você!
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