A crônica de hoje de Luis Fernando Verissimo para O Estado de S.Paulo (6 Set 2018) intituladaAtivos e passivoscomeça de um jeito provocativo, para tratar de assunto sério e que ninguém quer ver.
Assinala Verissimo: “Para o homem latino tradicional, só existe homossexual passivo, o ativo é apenas um heterossexual que prefere homem. Essa mentalidade talvez explique a curiosa existência no Brasil, até pouco tempo, de corruptos sem corruptores.”
Continua o grande cronista, agora botando o dedo na ferida: “Outra manifestação da doutrina homossexual-é-só-quem-dá é a guerra ao narcotráfico, que ainda não chegou ao grande mistério, ou o grande paradoxo brasileiro: um mercado de tóxicos que só tem fornecedor. Um mercado que só dá.”
Com palavras minhas: só há fornecedores – que se destacam cada vez mais, especialmente quando as forças armadas sobem o morro; os consumidores são todos fantasmas, que nunca aparecem na mídia.
Alguns negros e pobres são colocados atrás das precárias grades; os brancos e ricos, os verdadeiros consumidores, ninguém sabe quem são.
Conclui Verissimo: “Ninguém consome tóxicos no Brasil, e nem por isso o mercado deixa de crescer. ... Seria interessante ter, de vez em quando, uma visão do mercado consumidor brasileiro, do lado comprador, dos ricos. Não dos que estão nos morros, mas dos que mandam baixar. Só por curiosidade.”
Seria interessante conhecer quem-come, e não apenas só-quem-dá...
Veríssimo vai sempre ao ponto.
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