NENHUM MISTÉRIO
(Editora: Companhia das Letras ).
Dois poemas:
1.
Aprender enfim
a cruel lição:
a que só se aprende
por subtração:
a que não saber
não é desvantagem
(pois nem sempre é ganho
um aprendizagem
(o que vai de encontro
ao que muitos pensam),
e sim uma sorte,
uma vera benção:
a que não é arte
nem tampouco ciência:
pois não há teoria –
só práxis – da ausência.
(Mas dizer-lhe o nome
já é exorcizá-la:
quem a vivencia
cala.)
2.
Não há nenhum mistério nesta história
em que o culpado se anuncia
ainda na primeira hora,
e são tão copiosas as pistas
quanto inúteis, e o final
– que, é claro, já se sabia
desde o início – é banal,
melancólico, besta
e isento de moral.
Mesmo assim, esta
é a história lida
até por quem detesta
toda a inútil narrativa,
até por não haver alternativa.
Viva a poesia, que nunca sai de moda!
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