A programação cultural do fim de semana em São Paulo foi intensa e brilhante para toda a família.
Começamos pela Nona Sinfonia de Beethoven, na sala S. Paulo, com a OSESP, um concerto inesquecível! Em seguida, no MASP, a exposição Histórias Afro-Atlânticas, maravilhosa! À noite, no teatro Sérgio Cardoso, vimos a peça A visita da velha senhora, de Friedrich Dürenmatt, sob a direção de Luiz Villaça. O elenco de primeira linha, com destaque para Denise Fraga, Tuca Andrada, Fábio Herford, entre outros.
Não me considero crítico de coisa alguma, muito menos de teatro, área em que meu conhecimento deixa muito desejar. O que faço a seguir é um simples registro de minhas ideias depois de assistir a peça.
Saí do teatro sem saber se tinha visto uma comédia, uma farsa ou uma tragédia mal contada. Que a história era trágica, não havia dúvida. Será que o diretor errou a mão e a história virou uma falsa comédia? Foi o que pensei. A própria escolha de Denise Fraga, uma comediante reconhecidíssima, não teria sido um erro, a reforçar o exagerado tom de humor?
São boas perguntas, e só havia uma solução, pensei, era ler o texto original. Encontrei na Estante Virtual um único volume da obra, da Livraria Agir Editora (1963), com tradução de Mário Silva, livrinho em mau estado de conservação, cheirando a mofo.
Pois não é que o diretor foi fidelíssimo à obra!
E minha dúvida perdurou; melhor, acentuou-se: tragédia ou comédia?
Até que cheguei ao Posfácio, escrito pelo próprio Dürenmatt. Reproduzo aqui o trecho final, “bastante esclarecedor”, em meu ponto de vista:
“A visita da velha senhora é uma peça má, mas, justamente por isso, não deve ser representada de modo mau, senão, ao contrário, do modo mais humano possível, com tristeza, não com cólera, mas, também, com certo bom humor, pois nada prejudicaria tanto esta comédia, que acaba tragicamente, quanto uma excessiva seriedade.”
Veja o leitor! Uma comédia que acaba tragicamente! Penso então que “não entendi” perfeitamente a tal visita...
A dúvida e a ambiguidade como parte inexorável da vida!
ResponderExcluirMelhor não rotular.