quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A Revolução Copernicana

            
             Aquele que dispuser de 46 minutos para ouvir três especialistas sobre A Revolução Copernicana haverá de ter muito em que pensar, além de educar-se com gente que sabe o que fala.
            O programa encontra-se no blog Estado da arte, de O Estado de S. Paulo (7 fev 2018), e tem a seguinte introdução:

“Em nosso tempo há mais revoluções na terra que estrelas no céu. Noite e dia as mídias alardeiam qualquer coisa revolucionária e nossa vida atravessa suas pequenas revoluções. Mas de todas, nem as políticas foram capazes de revolucionar literalmente o mundo inteiro como a primeira, desencadeada em 1543 por um livro que trazia seu destino no nome: A Revolução das Esferas Celestes. Ironicamente, seus cálculos intrincados nada têm da rebeldia e verborragia revolucionária, e seu autor, um pacato cônego polonês, só o publicaria no último ano de vida com relutância, talvez menos pelo temor da perseguição que do ridículo.
A ideia da Terra girando em torno do Sol afrontou a um só tempo o senso comum, as escolas milenares de Aristóteles e Ptolomeu, e astrônomos competentes como Tycho Brahe. Em seu poema A Anatomia do Mundo John Donne desabafava:
O sol está perdido, e a terra, e a sabedoria de nenhum homem
Pode bem orientá-lo a onde encontrá-la.
Nisso concordavam os chefes das facções religiosas como Calvino e Lutero. Para Melanchton, homens como Kepler “por amor à novidade, ou para expor sua ingenuidade, concluíram que a terra se move. . . . É falta de honestidade ou decência afirmar tais noções publicamente, e o exemplo é pernicioso”. Por fim a Igreja católica se uniu à luta, e a condenação do velho Galileu em 1633 passou para a história como o seu momento mais constrangedor. Durante o século e meio seguinte “uma crença no universo centrado na terra se transformou gradualmente de um sinal essencial de sanidade para um indício, primeiro de inflexível conservadorismo, depois de excessivo paroquialismo, e finalmente de completo fanatismo” (Thomas Kuhn). Na época de Newton a revolução astronômica já invadia em ondas as esferas da filosofia e da cultura elevando a ciência ao seu papel atual de suprema autoridade sobre os saberes.
Mas o que olho nu de Copérnico viu que nenhum outro vira? Como seus correligionários puseram a Terra toda para rodar? Como a transformaram de centro do universo num planeta entre planetas girando ao redor de um Sol que virava uma estrela entre estrelas perdidas no infinito? Como entendiam a relação entre a fé e a ciência? E como nos ensinam a pensar duas vezes antes de ridicularizar uma hipótese à primeira vista lunática?”


Convidados

Claudemir Tossato: professor de Epistemologia e Filosofia da Ciência na Universidade Federal de São Paulo e autor de O conhecimento científico. 
Eduardo Kickhöfel: professor de História da Filosofia da Renascença na Universidade Federal de São Paulo e coordenador do grupo de pesquisa La Fabrica delli Strumenti de Galileu Galilei .
Pablo Mariconda: professor de História e  Filosofia da Ciência da Universidade de São Paulo, tradutor e editor do Diálogo de Galileu Galilei.

Para ouvir o programa, acesse o link:





Um comentário:

  1. Trata-se afinal do acesso à verdade. Quando se pensa que ela está ali, à nossa frente, vem uma ventania e a leva...

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