EU SOU TREZENTOS...
(7-VI-1929)
Eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh Pireneus! Ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
Abraço no meu leito as melhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios,
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos taxis, nas camarinhas meus próprios
beijos!
Eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
Do
livro Remate de males
de Mário de Andrade
In: DE
PAULICEIA DESVAIRADA A LIRA PAULISTANA
Ed.
Martin Claret, 2017.
(A edição está belíssima, capa dura de muito bom gosto, marcador, cabeceado, folhas de guarda ilustradas, preço adequado.)
(A edição está belíssima, capa dura de muito bom gosto, marcador, cabeceado, folhas de guarda ilustradas, preço adequado.)
Moderno e requintado.
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