quarta-feira, 26 de abril de 2017

Desenho de menino ajuda no diagnóstico

Deu no Catraca Livre:

“Depois de idas e vindas ao hospital e de médicos dizendo à família do pequeno Emre Erulkeroglu, de quatro anos,  que não havia nada de errado com ele, ele fez um desenho que simbolizava sua dor de cabeça. Foi essa representação que impulsou a mãe, Tiffani, a não parar de procurar ajuda.”

        A intensa dor de cabeça de Emre surgiu em 2015 e ele gritava queixando-se de dor cada vez que vomitava. Depois de várias semanas, o menino fez o desenho reproduzido abaixo e a mãe providenciou uma ressonância magnética, que revelou cisto benigno na sua glândula pineal, mas que esta não era a origem de seus problemas.


A saúde da criança deteriorou, ela continuou vomitando, com dores de cabeça, sonolenta. A mãe retornou com a criança ao hospital e após outros testes firmou-se o diagnóstico de um tumor inoperável.

         Em julho de 2013 este blog publicou:



“Parece que as crianças não perguntam o que têm, por uma razão bem simples, segundo Kübler-Ross: elas já sabem! “Todas sabem que têm uma doença terminal, basta saibamos decifrar a linguagem simbólica das crianças”, foi o que ouvi de Kübler-Ross naquela inesquecível conferência, em 1979, aspecto que aqui resumo, lembrando-me do impacto que me causou.
Assim que eram internadas em um hospital geral para
tratamento de câncer, as crianças eram atendidas pela equipe de psicólogos de Kübler-Ross, recebiam papel e lápis de cor, comunicavam-se, enfim, através de seus desenhos. Uma delas desenhou a imagem aqui mostrada (de forma grosseira e incompleta, pois é apenas a lembrança que guardei de uma fotografia revelada por Ross em sua conferência), que foi imediatamente analisada pela equipe.
O médico da criança foi procurado e informado de que o menino de aproximadamente 6 anos de idade estava dizendo que tinha um tumor no hemisfério cerebral direito (?) e que tinha dois anos de vida. Evidentemente o médico não deu crédito a tais informações, com a alegação de que aquilo não era “científico”. Com a investigação clínica, o diagnóstico foi confirmado, a criança foi operada e sobreviveu por dois anos. 


Nessa “conversa”, vamos chamar assim, entre pacientes, médicos, psicólogos e familiares reside o fundamento do apoio a ser prestado à criança doente. Fundamental mesmo, é saber “ouvir” a criança, que muitas vezes pouco se expressa por palavras.
A atenção a ser dispensada à família deve ser redobrada, pois é ela que manifesta de maneira mais veemente todo o sofrimento com a dificílima situação de conviver com um filho doente, e que vai morrer. Uma situação que se vive no limite, penso eu.
Minha experiência pessoal com crianças é muito pequena, e posso apenas registrar aqui minha dificuldade em lidar com elas, quando o assunto é a morte, pelo tanto que me afeta emocionalmente. Posso concluir que a experiência é tudo, em todos os sentidos.”

            O relato atual é bem parecido com aquele de Kübler-Ross. Há muito o que aprender sobre isso.


Foto: The Brain Tumor Charity




4 comentários:

  1. Gostei muito do texto. O assunto é realmente difícil e até chega a nos dar um certo desespero só de pensar nele, pois parece realmente o assunto mais difícil do mundo. Mas é tão interessante entender como as crianças percebem as coisas que estão acontecendo. Será porque as crianças têm maior percepção do que os adultos? Será que param mais para sentir do que racionalizar?

    ResponderExcluir
  2. Devíamos estimular mais as crianças a desenhar. Mas não basta, há que estar atentos para seus desenhos, e saber lë-los. Quanto a lidar com seu sofrimento, isso é demais.

    ResponderExcluir