Deu no Catraca Livre:
“Depois de idas e vindas ao hospital e
de médicos dizendo à família do pequeno Emre Erulkeroglu, de quatro anos,
que não havia nada de errado com ele, ele fez um desenho que simbolizava
sua dor de cabeça. Foi essa representação que impulsou a mãe, Tiffani, a não
parar de procurar ajuda.”
A intensa dor de cabeça de Emre surgiu
em 2015 e ele gritava queixando-se de dor cada vez que vomitava. Depois de várias
semanas, o menino fez o desenho reproduzido abaixo e a mãe providenciou uma
ressonância magnética, que revelou cisto benigno na sua glândula pineal, mas
que esta não era a origem de seus problemas.
A
saúde da criança deteriorou, ela continuou vomitando, com dores de cabeça,
sonolenta. A mãe retornou com a criança ao hospital e após outros testes firmou-se
o diagnóstico de um tumor inoperável.
Em julho de 2013 este
blog publicou:
“Parece que as crianças não perguntam o
que têm, por uma razão bem simples, segundo Kübler-Ross: elas já sabem! “Todas
sabem que têm uma doença terminal, basta saibamos decifrar a linguagem
simbólica das crianças”, foi o que ouvi de Kübler-Ross naquela inesquecível
conferência, em 1979, aspecto que aqui resumo, lembrando-me do impacto que me
causou.
Assim que eram internadas em um
hospital geral para
tratamento de câncer, as crianças eram atendidas pela
equipe de psicólogos de Kübler-Ross, recebiam papel e lápis de cor,
comunicavam-se, enfim, através de seus desenhos. Uma delas desenhou a imagem
aqui mostrada (de forma grosseira e incompleta, pois é apenas a lembrança que
guardei de uma fotografia revelada por Ross em sua conferência), que foi
imediatamente analisada pela equipe.
O médico da criança foi procurado e
informado de que o menino de aproximadamente 6 anos de idade estava dizendo que
tinha um tumor no hemisfério cerebral direito (?) e que tinha dois anos de
vida. Evidentemente o médico não deu crédito a tais informações, com a alegação
de que aquilo não era “científico”. Com a investigação clínica, o diagnóstico
foi confirmado, a criança foi operada e sobreviveu por dois anos.
Nessa “conversa”, vamos chamar assim,
entre pacientes, médicos, psicólogos e familiares reside o fundamento do apoio
a ser prestado à criança doente. Fundamental mesmo, é saber “ouvir” a criança,
que muitas vezes pouco se expressa por palavras.
A atenção a ser dispensada à família
deve ser redobrada, pois é ela que manifesta de maneira mais veemente todo o
sofrimento com a dificílima situação de conviver com um filho doente, e que vai
morrer. Uma situação que se vive no limite, penso eu.
Minha experiência pessoal com crianças
é muito pequena, e posso apenas registrar aqui minha dificuldade em lidar com
elas, quando o assunto é a morte, pelo tanto que me afeta emocionalmente. Posso
concluir que a experiência é tudo, em todos os sentidos.”
O relato atual é bem parecido com
aquele de Kübler-Ross. Há muito o que aprender sobre isso.
Foto: The Brain Tumor
Charity