Mais um lançamento a ser saudado pelo Louco com o
entusiasmo de sempre: Crônicas de Rubem Braga!
            Para
ser preciso, uma caixa com três volumes, e os correspondentes  subtítulos: 
     1) “Os segredos todos de Djanira & outras crônicas
sobre Arte e Artistas”; 
     2) “Os moços cantam & outras crônicas sobre Música”;
     3) e “Bilhete a um candidato & outras crônicas sobre
Política Brasileira”. 
Os organizadores, respectivamente,
são André Seffrin, Carlos Didier e Bernardo Buarque de Holanda.
            Um
encanto de edição, da Ed. Autêntica!
            O
que encanta mesmo em Rubem Braga, considerado por muitos o maior cronista
brasileiro, é a simplicidade com que escreve. Vejamos um trecho de uma crônica
escrita em 1953, publicado na revista Manchete:
“Nasceu
em 1907 no bairro de Laranjeiras, um dos seis filhos de um casal folgado
financeiramente, e fez curso primário e secundário no Colégio Santo Antônio
Maria Zacarias, dos padres barnabitas, no catete onde também estudavam – um ano
mais adiantados – Octavio de Faria, Marcelo Roberto e Paulo Werneck. Aluno
medíocre, deixou a escola aos 16 anos mas sempre ficou dependurado por um exame
de História Universal; dedicou-se à sinuca, ao futebol (meia-direita do Juvenil
do Fluminense, teve grande emoção em 1925 atuando na preliminar de um jogo
Cariocas  x  Paulistas), ao remo (voga no Guanabara,
fechou a raia em sua única séria competição) e à meia vagabundagem de um
rapazola filho de pai abonado. [...] O mau estudante formou-se afinal na Escola
de Belas Artes, para onde entrara contra a vontade paterna...”
            A
crônica revela então o nome do aluno medíocre, para surpresa do leitor, e
comenta a trajetória profissional do homem: Oscar Niemeyer!
            (Em
tempo, e espero que isso não seja frequente na presente edição, o texto
original traz “rapazola filho de pai abandonado”. Corrigi para “abonado” e
espero que eu esteja certo.)
            A
simplicidade encantadora a que me referi pode ser constatada na expressão
“...um casal folgado financeiramente”. Não é mesmo deliciosa?
            Outra:
“...ficou dependurado por um exame de História Universal”. 
            Ainda:
“...dedicou-se à sinuca”. A ironia grita nos ouvidos do leitor.
Algumas palavras e expressões estão
fora de uso, mas não perderam sua poesia. Imperdíveis as crônicas de Rubem
Braga!

 
 
Não dá para não ter. E ler!
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