Pedro Cardoso (de Brasília, ele mesmo gosta de enfatizar, para diferenciá-lo do homônimo famoso), poeta, escritor de múltiplas habilidades, meu amigo e leitor deste blog, enviou-me esta crítica que publico no Louco com muito gosto e sem falsa modéstia.
Análise de uma Aldravia
Este tema é relativamente novo para mim, ainda não consigo decifrar suas
amarras com segurança, mas vou tentando aqui, acolá. Quem sabe me tornarei,
futuramente, um poeta Aldravianista por excelência. Vontade, não me falta.
A interpretação será
diretamente relacionada ao conhecimento que tenho do mundo poético e do gênero
Aldravia, por isso minha análise será única, este é um dos mais belos trunfos
da poesia.
Como exercício, farei
uma análise breve de uma Aldravia que li no blog “Louco por Cachorros” do
escritor e poeta, André Luiz Vianna. Médico, radicado em Brasília. O poema diz
o seguinte:
ipê
branco
neve
em
pleno
cerrado
Sem dúvida uma bela
Aldravia. São seis palavras que fluem como se fossem brisa, suavemente, quando
as lemos.
É preciso apreciarmos o
texto para entendermos o sentido de cada uma de suas palavras, dentro do
contexto. Não é necessário que sejam feitas releituras para termos certeza de
que não deixamos escapar nenhum detalhe significativo, que pudesse nos impedir
de ouvir o que a Aldravia nos diz.
Ao abrir o olhar para o
poema, deparei-me de imediato com a palavra IPÊ. Nesse momento me vieram à
mente outras variedades da espécie, tais como: amarelo, roxo e verde. Porém o
autor destacou o branco para fazer contraponto com a palavra neve e, para
solidificar sua ideia, completou com os seguintes versos: “em/pleno/cerrado”.
A imagem que se cria,
com a leitura do texto, é a de que o cerrado, como se fosse possível, está
tomado pelo frio intenso e que as pétalas brancas penduradas nas extremidades
das galhas, desprovidas de quaisquer folhas, vão se soltando lentamente para
compor a camada de “gelo” que se esparrama pelo chão, reforçando a ideia de
neve.
Outro aspecto que
gostaria de ressaltar é que o texto não traz, em sua configuração, nenhuma
rima, o que, a meu ver, fortalece o poema. Além de que o torna mais moderno e
atual.
O texto tem ainda uma
conotação ambientalista que nos leva a refletir que é preciso proteger o
cerrado. Só assim, teremos este esplendor todos os anos, nos meses de agosto e
setembro, não só no nosso imaginário poético.
E viva a poesia!!!
Bem pensado! Umas poucas palavras, mas quão longe levam!
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