Aplaudir ou vaiar são manifestações claras, inconfundíveis, indiscutíveis e democráticas dos sentimentos que vão pela alma do torcedor. Se gosta, aplaude; se não gosta, vaia. É assim mesmo? Nem sempre!
Em uma disputa de judô ainda hoje, na
Rio 2016, o brasileiro cometeu uma falta evidente – pisou fora da área
permitida – e o juiz apontou a infração. Ao fazê-lo, recebeu estrondosa vaia da
torcida. O torcedor não gostou, mesmo sabendo que a falta foi corretamente
marcada, mas aqui a vaia tem o objetivo de pressionar o árbitro e talvez o
próprio adversário, se não para extravasar uma frustação.
A cena de infância é inesquecível:
acompanhado do pai e do irmão, fomos ver a Esportiva de Guaratinguetá jogar
contra o Bragantino, um timão à época. Os times ainda não haviam entrado em
campo, a tensão era enorme, quando o árbitro e seus dois bandeirinhas (naquele
tempo não se chamavam Auxiliares, eram bandeirinhas mesmo) pisam no gramado e
recebem a monumental vaia. Para completar a cena, alguém da arquibancada gritou
para que o estádio todo ouvisse:
– Juiz filho da puta!
Então, compreendi que, por princípio, o
juiz é ladrão.
Tudo isso serve de introdução para meu
comentário sobre o comportamento da torcida, nessa olimpíada, durante os jogos
de tênis. De modo algum desejo ser elitista, achar que o tênis é jogo de gente
branca e rica; sou fã do francês Gael Monfils, negro, um dos melhores do mundo.
Porém, tênis não é futebol, basquete ou
volei. Tênis é tênis, e a torcida brasileira precisa aprender isso. Nos jogos
de futebol, basquete ou vôlei a torcida grita, faz o maior barulho, leva a charanga,
a vuvuzela, e vale tudo pelo time do torcedor. No futebol, algumas torcidas,
como a do Corinthians, por sua fidelidade recebem o título de Camisa 12!
Mas no tênis isso não funciona. O jogo
exige concentração máxima, silêncio durante as jogadas, aplausos discretos ao
final de cada ponto, para que os jogadores não se dispersem com o ruído
externo. Já basta o ruído interno...
Nessas olimpíadas isso não tem
acontecido. A gritaria não pára quando Brasil está em quadra. Os torcedores não
se contêm. Mas tem hora pra vaia.
Espero que não tenham a infeliz ideia de realizar um torneio mundial de xadrez no Brasil...
Espero que não tenham a infeliz ideia de realizar um torneio mundial de xadrez no Brasil...
Na vida, tudo é uma questão de
educação.
Bem pensado. Vale o comentário também para a gritaria do Galvão Bueno na hora do tiro para a natação.
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