domingo, 14 de março de 2021

O anel de Giges 1


 

“Gelo e fogo. Dois perigos assombram as sociedades humanas: a ordem excessiva e o colapso da ordem. O exagero da ordem destrói a liberdade e represa o indivíduo; levado ao paroxismo, é o gelo totalitário. O dissolução da ordem insufla o individualismo sem freios e leva a anarquia autodestrutiva – é a fogueira do caos e da guerra de todos contra todos.

            O combate ao terror da autoridade opressiva e da polícia do tirano, de um lado, e a busca de remédios para a anemia da autoridade e a insegurança generalizada, de outro, definem em larga medida a tônica dominante das diferentes correntes de pensamento na história da ética e da filosofia política. Não raro, porém, o afã de corrigir um excesso dá ensejo ao seu oposto.”

 

            O trecho acima está em O anel de Giges, de Eduardo Giannetti, Companhia das Letras, 2020, p.75. A fábula do anel é esmiuçada sob todos os ângulos possíveis, pretexto para que o autor escreva sobre filosofia e política de modo perfeitamente acessível, mesmo revelando profunda erudição.

            Gelo e fogo representam a perigosa polarização em que vivemos, daí a atualidade do texto.

            Outros destaques sobre o livro virão, à medida que dou continuidade à leitura. Chamam a atenção a quase perfeição da escrita, o estilo primoroso, a “musicalidade” do texto, para utilizar termo de meu irmão Paulo.

Um comentário:

  1. De fato: boas ideias e bonito estilo. É o texto perfeito. Parece fácil, mas...

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