terça-feira, 15 de dezembro de 2020

O cortador de juncos


 

“O ex-imperador Gotoba fez com que se reformassem mansões imperiais como a de Toba e a de Shirakawa, as quais utilizava com frequência. Contudo além dessas, havia um lugar chamado Minase, onde mandara construir uma mansão de indescritível elegância, frequentada ainda com mais constância por ele, que por mais que se deleitasse fartamente com ela – com suas flores de primavera e suas folhas avermelhadas de outono – sempre se dava ao luxo de voltar e passar lá o seu tempo, promovendo festins musicados, a ponto de esse seu hábito se tornar conhecido. No período Genkyu, entre 1204 e 1206, por ocasião de um concurso de poemas no estilo chinês  e japonês, o imperador Gotoba trouxe à luz este seu poema:

 

“Vislumbro envolto em névoa primaveril o rio Minase aos pés do monte;

A tal vista, como puderam preferir o entardecer de outono?”

 

            O texto acima pertence ao conto O cortador de juncos, de Jun`Ichiro Tanizaki, e compõe o belo volume com a novela A gata, um homem e duas mulheres (Ed. Estação Liberdade, 2016). http://loucoporcachorros.blogspot.com/2020/12/a-gata-lily.html

            Nos séculos XII e XIII, no Japão, havia a disputa para saber o que era mais bonito, o amanhecer na primavera ou o entardecer no outono, as duas estações preferidas dos japoneses. Pois o imperador Gogota compôs o poema baseado em sua experiência pessoal junto ao rio Minase.

            O cortador de juncos trata dessas delicadas coisas. 

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