Está sendo criada uma frente ampla da sociedade contra os delírios kafkianos de Bolsonaro? Esta é a animadora manchete da crônica assinada por Juan Arias para El País de ontem (24 nov 2020).
Arias faz afirmações incomuns e francas no noticiário nacional:
1. “Os partidos políticos já falam abertamente em começar a criar uma frente ampla contra o bolsonarismo.”
2. “Talvez o mais importante seja que está se organizando ao mesmo tempo essa frente plural por parte da sociedade que pede a saída de um presidente que a cada dia atenta contra as essências deste país.”
3. “Saia, já!”, é uma das frases mais escutadas sempre que Bolsonaro lança uma de suas barbaridades kafkianas, destrutivas e alimentadoras de ódio entre os brasileiros. A última foi a negação descarada de que no Brasil existe racismo.”
4. “O último exemplo foi seu desastroso discurso ao G20, a reunião dos países mais importantes do mundo economicamente. Enquanto o país chorava pela brutal execução do negro João Alberto Silvério de Freitas, de 40 anos, pelos seguranças brancos de um Carrefour, Bolsonaro, sem uma palavra de repúdio ao crime cometido à luz do dia diante dos clientes atônitos, negou que exista racismo no Brasil e que o problema é que existem “brasileiros bons e brasileiros maus”.
5. “Seu [do Bolsonaro] negacionismo da realidade que está diante dos olhos de todos é patológico.
6. “O kafkiano, que abunda na política de Bolsonaro, como bem explicou em um ensaio o médico, psiquiatra e psicanalista argentino, radicado na Espanha, Eduardo Braier, está estreitamente ligado “ao funesto”, a “elementos persecutórios”, à “angustiosa negatividade”, ao “desassossego e ao desespero”.
7. “E que este é um país de maricas e de covardes cheios de ódio.”
Depois de apresentar visão tenebrosa do governo atual, resumida na expressão “delírios kafkianos” do presidente, Arias afirma que “A sociedade brasileira começa a se cansar das loucuras calculadas e negativistas de Bolsonaro e se sente cada vez mais envergonhada de que a nação esteja nas mãos de um presidente que, apesar dos freios colocados pelos generais de seu Governo, é como um cavalo descontrolado cujas limitações, como ensina a psicologia, o levam a superar-se dia após dia em seus julgamentos arrogantes e negativos sobre este país que começa a perder a paciência e a se sentir humilhado dentro e fora do país. “Aqui quem manda sou eu”, repete como um mantra dos complexados.”
Arias pergunta: “...será possível aguentar mais dois anos de descalabro político e social ao que o bolsonarismo está submetendo o país enquanto a educação está sendo atacada e humilhada, a cultura envergonhada e as relações internacionais prostituídas?” Porém, ele não apresenta resposta clara para esta questão; apenas apela para as “instituições democráticas do Estado”, para “usar o poder que lhes é concedido pela Constituição”. Ou esperar pelo resultado das urnas em 2022.
A nação, as instituições democráticas, nossa gente chamada de maricas, estamos todos atônitos diante do cavalo descontrolado.
É de envergonhar um brasileiro.
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