O cineasta austríaco Michael Haneke
Foto: Eric Gaillard/Reuters
O austríaco Michael Haneke, um dos maiores cineastas da atualidade, duas
vezes vencedor da Palma de Ouro em Cannes, considera que o movimento #MeToo, de denúncia de abusos sexuais, se tornou uma "caça às
bruxas" e que gera um novo "puritanismo".
Ele afirma: "Me preocupa este novo puritanismo, impregnado de
ódio aos homens, que nos chega no rastro do movimento #MeToo".
"Enquanto artista, começamos a
confrontar o medo ante esta cruzada contra qualquer forma de erotismo". Segundo ele, O Império dos Sentidos, de
Oshima, um dos filmes mais profundos sobre sexualidade, "não poderia ser
filmado hoje".
"É claro que qualquer forma de estupro ou abuso sexual deve ser punida.
[O grifo é meu.] Mas esta histeria e as
condenações sem julgamento que assistimos hoje me parecem repugnantes".
“Para o diretor de A Fita Branca (Palma de Ouro em 2009) e de Amor (Palma de Ouro e um Oscar em 2012), que não foi objeto de
nenhuma acusação, "cada 'shitstorm'
(enxurrada de críticas) que essas 'revelações' geram, inclusive nos sites de
jornais sérios, envenena o clima no seio da sociedade. Na realidade, no que se
refere ao abuso sexual, este ambiente de "caça às bruxas" pode
"tornar cada vez mais difícil" um debate "sobre este tema tão
importante".
Este blog procura revelar as opiniões
mais distintas e divergentes, para que possamos pensar melhor sobre o assunto.
Minha admiração por Michael Haneke (e sua A
fita branca, um dos melhores filmes que já assisti!) faz com que registre
aqui o ponto de vista dele.
Não custa focar a relatividade da coisa, quando se trata de um tema tão delicado. Como é difícil não exagerar.
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