quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Hibridização como mecanismo de evolução das espécies


Representante da nova espécie, gerada pelo cruzamento 
de duas espécies distintas da ave

Estamos diante de uma descoberta extraordinária! 
Cientistas da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e da Universidade de Uppsala, na Suécia, monitoraram por mais de 40 anos uma população de tentilhões, ave típica da região, na ilha Daphne Major, no Arquipélago de Galápagos, e assim conseguiram acompanhar de perto o processo de geração de uma nova espécie.
            A reportagem é de Rory Galloway (BBC, 24 nov 2017).
Em 1981 os pesquisadores notaram a chegada de um macho à ilha, pertencente a uma espécie não nativa, e maior que os pássaros locais. Ele deve ter voado 65 milhas da ilha Espanhola, seu habitat natural, até chegar a Daphne Major. A distância é considerada longa para um pássaro, o que deve ter impedido sua volta para casa.  
Ele foi capaz de reproduzir com uma fêmea de espécie local, de porte médio, dando início a uma nova linhagem fértil.
Cerca de 30 pássaros, resultantes desse acasalamento, continuam sendo observados quase 40 anos depois. A nova população de pássaros é diferente na forma e nos hábitos, e populações distintas não acasalam com eles.
“No passado, acreditava-se que duas espécies diferentes não poderiam produzir descendentes férteis. Mas, nos últimos anos, foi estabelecido que muitas aves e outros animais que consideramos espécies únicas são, de fato, capazes de cruzar com outros para produzir uma linhagem fértil.”
Segundo Butlin, o mais interessante é ‘compreender o papel que a hibridização pode ter no processo de criação de novas espécies, razão pela qual a observação dos tentilhões das Galápagos é tão importante.”
Os novos tentilhões de Daphne Major são maiores que as outras espécies da ilha, e por isso são chamados de Big Bird. “Para testar cientificamente se a população de Big Bird era geneticamente distinta das três espécies de pássaros nativos da ilha, Peter e Rosemary Grant trabalharam em parceria com o professor Leif Andersson, da Universidade de Uppsala, que analisou geneticamente o grupo para o novo estudo. A surpresa foi que esperávamos que o híbrido começasse a se reproduzir com uma das outras espécies da ilha e fosse absorvido. Confirmamos que eles são um grupo de reprodução fechado", disse Andersson à BBC.
 Devido à incapacidade de reconhecer o canto dos novos machos, as fêmeas nativas não acasalaram com a nova espécie.
Estudos genéticos mostram que, após duas gerações houve isolamento reprodutivo completo das aves nativas, e agora vêm acasalando exclusivamente entre si.
Assim, a hibridização pode levar à geração de novas espécies, com a simples inclusão de um indivíduo a uma população. E pode, portanto, ser uma forma de novas características evoluírem rapidamente.
"Se você esperar apenas por mutações, causando uma mudança de cada vez, seria mais difícil criar uma nova espécie. A hibridização pode ser mais eficaz do que a mutação", diz Butlin.
            Esta é uma descoberta extraordinária, que o Louco não poderia deixar de registrar. E mais: fiquei pensando: o teria ocorrido com o acasalamento de neandertais com sapiens? Alguém me responda, por favor.



Um comentário:

  1. Tão impressionante quanto a descoberta é a inesgotável paciência e dedicação desses cientistas que passam a vida observando pássaros.

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