Com o título espetacular Os cachorros selvagens que
votam em assembleia, Javier Salas publica interessantíssima reportagem para El País
(11 SET 2017).
Os mabecos, que vivem na África, são uma
espécie selvagem da família dos cachorros.
São animais muito sociáveis e saem em grupo para caçar. Eles contam com líderes
que, pela hierarquia, alimentam-se da caça antes dos demais. Mas não há um poder
absoluto dos membros dominantes do grupo.
Os mabecos, antes de começarem a se
movimentar em grupo ou saírem para caçar, realizam reuniões vibrantes,
“altamente ritualizadas”, com enorme importância social, “porque servem para representar
a unidade como bando”. Porém, apenas um terço das reuniões terminam com o grupo
saindo para caçar, o que intrigava os pesquisadores.
Afirma Salas: “Os cientistas da
Botswana Predator Conservation Trust monitoraram exaustivamente 68 desses
encontros, em cinco bandos diferentes, para chegar a esses sinais ocultos. E
depois de revisar as gravações e cruzar dados com o resultado das reuniões,
surgiu uma conclusão que, dizem, lhes pareceu inacreditável. Os mabecos se
reúnem em forma de assembleia: votam se estão de acordo com partir ou se
preferem ficar mais tempo ali.”
(Fico assombrado com a disciplina e
determinação desses cientistas, toda uma vida a estudar o comportamento de cães
selvagens na África!!! Graças a eles avança a Ciência.)
Os animais usam uma forte exalação pelo
nariz, um tipo de “espirro sonoro”, para manifestar sua posição. Eles correm
juntos, grunhem, levantam nuvens de pó, porém apenas “o número de espirros ouvidos em uma reunião era
indicativo de seu resultado”. (Coiotes, cães domésticos e chacais,
arfam, roncam e bufam para se comunicar.)
Dizem os cientistas políticos que “os
mabecos dominantes do bando têm mais poder de barganha, mas esse sistema de
votação oferece um contrapeso político para que nem sempre imponham seu
critério (falham um quarto das vezes) e para que a classe baixa mabeca possa
ter sucesso em suas convocatórias.”
Os gorilas de
montanha, a partir de grunhidos, usam um sistema parecido. Os suricatas, as
abelhas melíferas e os macacos-prego também votam as saídas coletivas.
Salas propõe
que os especialistas em
animais se deixem ajudar por sociólogos, porque as semelhanças de comportamento
são importantes. É um tipo de Evolução das Espécies ao contrário: o que já sabemos dos humanos pode ser aplicado aos animais.
Mas estamos
aprendendo sempre com nossos irmãos.
Que coisa espetacular! São gente, mesmo, não?
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