sexta-feira, 14 de julho de 2017

Sobre livros e leitores




Em artigo para o excelente jornal de literatura Rascunho, Fernando Monteiro, escritor, pergunta: Afinal, estamos escrevendo para quem? (Sugestão de leitura me oferecida pelo meu amigo Sergio Pripas.)
Ele apresenta alguns dados sobre o livro e o hábito da leitura verdadeiramente apavorantes!

“O brasileiro que lê apenas 4,96 livros por ano — sendo que, desses, 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria. Do total de livros lidos, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes (quarta edição da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope por encomenda do Instituto Pró-Livro).”
74% da população não compraram nenhum livro nos últimos três meses. 30% dos entrevistados nunca compraram um livro.
Para 67% da população, ninguém incentivou a leitura em sua vida. Dos 33% que tiveram alguma influência, a mãe, ou representante do sexo feminino, foi a principal responsável (11%), seguida pelo professor (7%).
As mulheres leem mais: 59% são leitoras. Entre os homens, 52% são leitores.
A leitura ficou em 10º lugar quando o assunto é “o que gosta de fazer no tempo livre”.
            Agora vem o dado que classifiquei de apavorante:

“A pesquisa perguntou a professores qual tinha sido o último livro que leram e 50% responderam nenhum e 22%, a Bíblia.” Outros títulos citados: Esperança, O monge e o executivo, O amor nos tempos do cólera, Bom dia Espírito Santo, Livro dos sonhos, Menino brilhante, O símbolo perdido, Nosso lar, Nunca desista dos seus sonhos e Fisiologia do exercício.”

            Não pretendo traçar aqui amplo perfil do professor; mas se ele não lê, se não dá importância à leitura, de fato não pode influenciar seus alunos a lerem. Que professor é esse?
            Relembro aqui a afirmação de Antonio Candido, recentemente falecido:

“A literatura é, ou ao menos deveria ser, um direito básico do ser humano, pois a ficção/fabulação atua no caráter e na formação dos sujeitos”.

Como os professores podem ignorar este princípio básico da educação?
            Monteiro, ele mesmo um escritor, conclui a crônica com a questão: “Então, aqui, nós estamos — afinal — escrevendo para quem?”



Foto: AVianna, jul 2017.


Nenhum comentário:

Postar um comentário