quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O poeta Oswald


           Acaba de sair Oswald de Andrade – Poesias Reunidas, pela Companhia das Letras (2017), com prefácio de Paulo Prado, que aqui destaco:

“A Poesia “Pau Brasil” é o ovo de Colombo – esse ovo, como dizia um inventor meu amigo, em que ninguém acreditava e acabou enriquecendo o genovês. Oswald de Andrade, numa viagem a Paris, do alto de um atelier da Place Clichy – umbigo do mundo – descobriu, deslumbrado, a sua própria terra. A volta à pátria confirmou, no encantamento das descobertas manuelinas, a revelação surpreendente de que o Brasil existia. Esse fato, de que alguns já desconfiavam, abriu seus olhos à visão radiosa de um mundo novo, inexplorado e misterioso. Estava criada a poesia “Pau Brasil”.
                                                                         Maio, 1924.

            Faz parte do volume o Primeiro caderno do alumno de poesia Oswald de Andrade, há um pequeno poema encantador, intitulado As quatro gares:

infância

O camisolão
O jarro
O passarinho
O oceano
A visita na casa que a gente sentava no sofá

adolescência

Aquele amor
Nem me fale

maturidade

O Sr. e a Sra. Amadeu
Participam a v. Excia.
O feliz nascimento
De sua filha
Gilberta

velhice

O netinho jogou os óculos
Na latrina

            Do mesmo livro, meus oito anos:
Oh que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da Rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais

Eu tinha doces visões
Da cocaína da infância
Nos banhos de astro-rei
Do quintal de minha ânsia
A cidade progredia
Em roda de minha casa
Que os anos não trazem mais
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais


            O livro foi publicado pela primeira vez em 1945, porém sua atualidade é impressionante. 
             Em tempo, a capa é muito bonita, mas o livro podia ter vindo com capa dura.

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