terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Paixão por um partido?


Militantes do PT e do PSDB trocam tapas em São Paulo.
Foto: Michel Filho / O Globo

Faz sentido ser apaixonado por um partido político?, pergunta Fernando Schüler, em crônica publicado no site da Época (16/2). Ele inicia sua argumentação citando Barthes:

“O apaixonado é frequentemente um tolo, ensinou Roland Barthes. Barthes se referia à paixão amorosa. A paixão louca dos amantes, dos namorados. Dos amores eternos e dos impossíveis, desses que a gente vê nos filmes.
Não faço ideia do que Barthes diria de um sujeito apaixonado por um partido político. Ou pior: por um político de carne e osso. Um prefeito, governador, presidente ou ex-Presidente. De minha parte, teria um bom nome a dar a esse sujeito, que prefiro não usar aqui.
Digo apenas que acho o passionalismo partidário um tanto ridículo, ainda que eficiente para quem dele se aproveita para chegar – ou se manter – no poder.”

            Outro modo de dizer a mesma coisa é: A Paixão é uma espécie de Loucura. Quando se trata da paixão entre duas pessoas – e isso acontece às vezes de forma inevitável – observa-se que as duas consideram-se uma só pessoa, unidas pela paixão. Este o maior sintoma da loucura, porque impossível na realidade.
            Acontece, vá lá, e a experiência é tão intensa que ouso dizer que quem nunca a experimentou, é porque não viveu.
            Agora, apaixonar-se por um partido político?! É uma loucura insana, desculpem-me o pleonasmo. Schüler classificou-a como “um tanto ridícula”, porém acrescentou uma boa dose de racionalismo, ao destacar que há os que se aproveitam do amor ao partido para chegar ao poder ou manter-se nele.
            Penso que a pergunta que dá origem à crônica é tão oportuna quanto atual. Vemos diariamente na mídia o estado de decomposição em que se encontram nossos partidos políticos, atolados numa corrupção institucionalizada, sem liderança, sem rumo, a não ser o de manter-se no poder. Por que então esta loucura de defender a todo custo as atitudes de um partido, de seus líderes ou até ex-líderes?
E Schüler conclui:

“A política pode ser feita com um sentido de missão e um senso de responsabilidade, como sugeriu Max Weber. O primeiro serve como ímpeto, o segundo como comedimento. Não é uma equação fácil, nestes tempos nervosos, mas é a melhor para a democracia, além de preservar velhas e boas amizades.”

            O Louco conclui: é melhor que pensem sobre o assunto.




Um comentário:

  1. Até custa crer que isso seja mesmo paixão - e não mero jogo de interesses.

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