segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A nossa Lenda



Lenda era a melhor pessoa do mundo!
Nunca fez mal a ninguém, ao contrário, por ser boa demais com frequência era vítima de agressões por parte das “irmãs” Falena e Juliete. Nunca reagia, permanecia imóvel, sua maneira de se defender. Fechava-se como um caracol gigante.
            A despeito de seu tamanho – era enorme! – Lenda era gentilíssima! Também por causa de seu tamanho, possuía um potente latido, a impor tremendo respeito aos estranhos. Quando latia, assustava: Lenda era um cão de guarda. Mas quando caminhava entre as pessoas, mesmo entre estranhos, era um dama, cão de companhia!
            Há muitos anos meu irmão ganhou uma fêmea da raça pastor alemão e pediu ao nosso avô Breno – homem cultíssimo – que lhe sugerisse um nome. O avo, sem pestanejar, respondeu: Lenda! (Nunca se soube de onde ele tirou aquele nome.)
            Quando nossa labradora chegou, um bebê lindo e muito alegre, café-com-leite, pelo macio, recebeu o nome de Lenda, em dupla homenagem, ao avô e ao irmão.
            Lenda permaneceu entre nós por dez anos. Para nossa tristeza, morreu há três dias, de insuficiência respiratória, no pós-operatório da retirada de um tumor de  mama.

            Ficou a saudade, tornou-se uma lenda.

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