segunda-feira, 8 de junho de 2015

Ainda sobre a Nudez

               Há alguns dias este blog postou a fotografia de “A criação do mundo”, de Gustave Courbet (1819-1877), acompanhada do relato de nossa observação realizada na sala que abriga o quadro, no Museu d`Orsay, em Paris. O constrangimento que se seguia quando o visitante olhava para o quadro era de uma evidência escancarada. Este olhar imediatamente desviava-se daquela enorme genitália completamente exposta, e o visitante deixava a sala com expressão impassível, na tentativa de disfarçar seu mal estar. A constatação aqui resumida repetiu-se incontáveis vezes, para não deixar qualquer dúvida. (http://loucoporcachorros.blogspot.com.br/2015/05/o-esconde-esconde-de-origem-do-mundo.html)
            No último domingo, na Folha de S. Paulo, o grande Hélio Schwartsman, em sua crônica “O Facebook e a Nudez”, relata a proibição de reprodução de qualquer imagem de nudez naquela rede social. (Não sou usuário da rede, e portanto não sabia do banimento dessas imagens no Facebook. Portanto, lá eu não poderia ter publicado a reprodução e meu texto sobre o﷽﷽﷽﷽﷽﷽﷽﷽uer imagem de nudezndoude nudez No Facebook. (Lquela enorme genit de uma evid“A origem do mundo”.)
            Schwartsman deseja mesmo é tratar do que chama de “vergonha da nudez”. Ele traz a referência de um documentário da BBC, “What’s the problem with nudity”, no qual se formula a seguinte hipótese: “sem expor suas partes íntimas, homens e mulheres diminuiriam as ocasiões em que poderiam provocar a libido de terceiros, favorecendo assim as relações monogâmicas já firmadas, o que aumentaria as chances de sobrevivência da prole e evitaria disputas desestabilizadoras entre machos”.
            A influência dos fatores culturais – daquilo que é aceitável ou não socialmente – não pode ser afastada, ainda segundo o documentário.
            Schwartsman critica a posição do Facebook, classificando-a de “reacionária”. Depois da experiência vivida no Museu d’Orsay, penso então que reacionários somos todos nós!  A despeito da histórica contribuição de Freud no que concerne à sexualidade humana, ainda estamos longe de resolver certas dificuldades muito arcaicas, e portanto arraigadas em nosso inconsciente.
            O que não significa que devamos permanecer nessa condição no mínimo incômoda, em pleno século XXI. A solução passa pela permanente discussão sobre nossa sexualidade, sempre que possível livre de todo e qualquer fundamentalismo obscurantista.
   É oportuna, como sempre, a crônica de Hélio Schwartsman.


2 comentários:

  1. Também li a ótima crônica de Hélio Schwartsman. Concordo com vocês dois!

    ResponderExcluir
  2. Tabu é uma estrutura antiga e rija, entre os homens. Seria o caso de perguntar o que pensam os nudistas. Talvez possam enriquecer a discussão.

    ResponderExcluir