Há
alguns dias este blog postou a fotografia de “A criação do mundo”, de Gustave Courbet
(1819-1877), acompanhada do relato de nossa observação realizada na sala que
abriga o quadro, no Museu d`Orsay, em Paris. O constrangimento que se seguia quando o visitante olhava para o quadro
era de uma evidência escancarada. Este olhar imediatamente desviava-se daquela
enorme genitália completamente exposta, e o visitante deixava a sala com expressão
impassível, na tentativa de disfarçar seu mal estar. A constatação aqui
resumida repetiu-se incontáveis vezes, para não deixar qualquer dúvida. (http://loucoporcachorros.blogspot.com.br/2015/05/o-esconde-esconde-de-origem-do-mundo.html)
No
último domingo, na Folha de S. Paulo, o grande Hélio Schwartsman, em sua
crônica “O Facebook e a Nudez”, relata a proibição de reprodução de qualquer
imagem de nudez naquela rede social. (Não sou usuário da rede, e portanto não
sabia do banimento dessas imagens no Facebook. Portanto, lá eu não poderia ter
publicado a reprodução e meu texto sobre “A origem do mundo”.)
Schwartsman
deseja mesmo é tratar do que chama de “vergonha da nudez”. Ele traz a
referência de um documentário da BBC, “What’s
the problem with nudity”, no qual se formula a seguinte hipótese: “sem
expor suas partes íntimas, homens e mulheres diminuiriam as ocasiões em que
poderiam provocar a libido de terceiros, favorecendo assim as relações
monogâmicas já firmadas, o que aumentaria as chances de sobrevivência da prole
e evitaria disputas desestabilizadoras entre machos”.
A
influência dos fatores culturais – daquilo que é aceitável ou não socialmente –
não pode ser afastada, ainda segundo o documentário.
Schwartsman
critica a posição do Facebook, classificando-a de “reacionária”. Depois da
experiência vivida no Museu d’Orsay, penso então que reacionários somos todos nós!
A despeito da histórica contribuição de Freud no que concerne à
sexualidade humana, ainda estamos longe de resolver certas dificuldades muito
arcaicas, e portanto arraigadas em nosso inconsciente.
O
que não significa que devamos permanecer nessa condição no mínimo incômoda, em
pleno século XXI. A solução passa pela permanente discussão sobre nossa
sexualidade, sempre que possível livre de todo e qualquer fundamentalismo
obscurantista.
É oportuna, como sempre, a
crônica de Hélio Schwartsman.
Também li a ótima crônica de Hélio Schwartsman. Concordo com vocês dois!
ResponderExcluirTabu é uma estrutura antiga e rija, entre os homens. Seria o caso de perguntar o que pensam os nudistas. Talvez possam enriquecer a discussão.
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