Depois de muitos anos, revi ontem Mar adentro, filme espanhol (coprodução francesa e italiana) de 2004, dirigido pelo chileno radicado na Espanha Alejandro
Amenábar.
Ramón Sampedro (Javier Bardem), que na
juventude sofreu grave acidente (mergulho em água rasa), tornou-se tetraplégico,
permanecendo preso a uma cama por 28 anos. Lúcido, extremamente inteligente,
sensível – chega a publicar um livro relatando suas experiências – luta na
justiça para ter o direito de pôr fim à própria vida, o que lhe causa sérios problemas
com a Igreja, a sociedade e até mesmo com seus familiares.
Após
mais de uma década, o tema permanece atualíssimo em todo o mundo. No Brasil,
assuntos bem menos polêmicos, como o aborto, não são devidamente discutidos
pela sociedade, especialmente quando uma autoridade do quilate do presidente da
Câmara dos Deputados afirma que qualquer projeto a esse respeito só será
discutido “se passarem por cima do cadáver” dele.
O
que mais surpreende é que o terceiro homem com direito de ocupar a Presidência
da República (depois da própria presidente e do vice), coloca pontos de vista
estritamente pessoais, e de indiscutível cunho religioso, acima do direito da
população de debater este e tantos outros temas de interesse da nação, num Estado
que se pretende laico. Péssimo exemplo de democracia, ótima demonstração de
fundamentalismo.
O
que pensar então de um amplo debate sobre a eutanásia?! Acho que estamos longe
disso, infelizmente.
Resta-me
recomendar que revejam Mar adentro, verdadeiro manifesto de respeito à
individualidade e às diferenças.
O filme é tudo o que você relatou. Insuportável apenas é a sequência do "voo" com Pavarotti de fundo
ResponderExcluirExcelente filme, Dr! Tenho em DVD, como parte da coleção de meus filmes prediletos.
ResponderExcluirAssunto complicado! Precisa ser mesmo discutido. Recentemente, uma jovem de 14 anos, no Chile, apareceu na imprensa pedindo o direito de morrer. A presidente foi visitá-la. Muito complicado. Às vezes tenho a impressão de que a sociedade tem medo do assunto, de tão complicado.
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