quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Mar adentro - respeito à individualidade



             Depois de muitos anos, revi ontem Mar adentro, filme espanhol (coprodução francesa e italiana) de 2004, dirigido pelo chileno radicado na Espanha Alejandro Amenábar.
Ramón Sampedro (Javier Bardem), que na juventude sofreu grave acidente (mergulho em água rasa), tornou-se tetraplégico, permanecendo preso a uma cama por 28 anos. Lúcido, extremamente inteligente, sensível – chega a publicar um livro relatando suas experiências – luta na justiça para ter o direito de pôr fim à própria vida, o que lhe causa sérios problemas com a Igreja, a sociedade e até mesmo com seus familiares.
            Após mais de uma década, o tema permanece atualíssimo em todo o mundo. No Brasil, assuntos bem menos polêmicos, como o aborto, não são devidamente discutidos pela sociedade, especialmente quando uma autoridade do quilate do presidente da Câmara dos Deputados afirma que qualquer projeto a esse respeito só será discutido “se passarem por cima do cadáver” dele.
            O que mais surpreende é que o terceiro homem com direito de ocupar a Presidência da República (depois da própria presidente e do vice), coloca pontos de vista estritamente pessoais, e de indiscutível cunho religioso, acima do direito da população de debater este e tantos outros temas de interesse da nação, num Estado que se pretende laico. Péssimo exemplo de democracia, ótima demonstração de fundamentalismo.
            O que pensar então de um amplo debate sobre a eutanásia?! Acho que estamos longe disso, infelizmente.
            Resta-me recomendar que revejam Mar adentro, verdadeiro manifesto de respeito à individualidade e às diferenças.
           

3 comentários:

  1. O filme é tudo o que você relatou. Insuportável apenas é a sequência do "voo" com Pavarotti de fundo

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  2. Excelente filme, Dr! Tenho em DVD, como parte da coleção de meus filmes prediletos.

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  3. Assunto complicado! Precisa ser mesmo discutido. Recentemente, uma jovem de 14 anos, no Chile, apareceu na imprensa pedindo o direito de morrer. A presidente foi visitá-la. Muito complicado. Às vezes tenho a impressão de que a sociedade tem medo do assunto, de tão complicado.

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