Ao fim do dia os passos se tornam 
lentos,
sólidos, a bater o chão  com a correta
presteza,
como em obediência  a um rumo muito
antigo,
isentos de busca,
libertos de indagação.
Ao fim do dia os olhos já não perscrutam,
apenas divisam os justos contornos,
como a traçar as coisas do mundo que sempre
existiram,
desapegados da  luz,
ao largo da sombra.
Ao fim do dia as mãos seguram com calma o
bastão,
amolentadas por doce fadiga,
como cordas que amarram navios, num cais
deserto,
esquecidas de sua função,
desenoveladas.
Ao fim do dia, após o trabalho,
o homem pode enfim respirar,
comer um prato, beber um copo,
sentar-se, arriscar um palpite sobre o tempo.
Já não é preciso explicar a vida.
Paulo Sergio Viana                 
http://blogdopaulosergioviana.blogspot.com.br/2014/11/liberdade.html
 
 
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