Quem esteve na
Sala São Paulo no último fim de semana teve a oportunidade rara de presenciar
um espetáculo à parte.
As
obras a serem executadas pela Osesp naquela noite eram de excepcional
qualidade: a Abertura
Trágica, de Andrzej Panufnik, o Concerto Nº 27 para Piano em Si Bemol Maior, KV
595, de Mozart, e a Sinfonia Nº 2, de Brahms. O concerto de Mozart seria interpretado
pelo renomado pianista alemão Lars Vogt.
Porém, o espetáculo mesmo
ficou por conta do regente polonês Stanislaw
Skrowaczewski!
As portas da
sala fechadas, a orquestra a postos, aguardando a entrada do maestro para a
primeira peça da noite, a plateia atenta, qual a surpresa dos espectadores quando
entra no palco e caminha (com certa dificuldade) para o tablado (onde sobe com
mais dificuldade ainda) um velhinho de 91 anos de idade, a cabeça branca,
pequenino e muito magro, curvado e com um ombro mais alto que o outro, fragilíssima
figura. A pergunta que há de ter passado pela cabeça de muitos era, Será que
ele vai aguentar o concerto todo? Aguentou, e com extraordinário brilho!
Stan, como é
carinhosamente chamado, nasceu em Lwów, Polônia (hoje Ucrânia) em 3 de outubro
de 1923. Depois de reger em Cracóvia, radicou-se nos Estados Unidos, onde regeu
as principais orquestras. Iniciou sua carreira como pianista, tornou-se regente
e compositor.
Passou os
últimos quinze dias trabalhando com a Osesp!
Durante todo
o concerto ficou evidente a ascendência do maestro sobre a orquestra, que regeu
com indiscutível personalidade.
Terminado o espetáculo, indo e vindo para receber os calorosos aplausos da plateia, impressionado com a dificuldade do homem para caminhar, ocorreu-me que se ele usasse uma bengala, poderia ajudar. Depois pensei, quem usa uma batuta com tanta arte não precisa de bengala.
Terminado o espetáculo, indo e vindo para receber os calorosos aplausos da plateia, impressionado com a dificuldade do homem para caminhar, ocorreu-me que se ele usasse uma bengala, poderia ajudar. Depois pensei, quem usa uma batuta com tanta arte não precisa de bengala.
Uma noite
inesquecível.
Verdade! Eu estive lá e confirmo: noite de rara beleza. o maestro, um pequeno anjo, a pairar no palco. A música resultante só podia vir do céu.
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