segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Como é mesmo o nome...?


Hoje, quando não me lembro do nome de um filme que assisti, de um determinado artista, de um certo livro do qual gostei muito, ou seu autor, respondo logo, Isso não é defeito ou caduquice, é o hard disk que está muito cheio e, portanto, rodando mais lento. Há que se ter paciência e esperar.
            Quando a notícia nos é conveniente, a tendência é que seja aceita facilmente como verdade. É o caso da recente descoberta de cientistas alemães, sobre a dificuldade dos idosos para se lembrarem de determinados fatos. Dizem os pesquisadores, que utilizaram interessantíssimo modelo com computadores reproduzindo a memória de jovens e velhos, que os idosos demoram mais tempo para se lembrarem, não porque sejam portadores de esclerose ou Mal de Alzheimer, mas porque o “disco rígido” está muito cheio.
Os idosos acumularam muita informação ao longo de toda a vida, e ter acesso a elas é naturalmente um pouco mais demorado. Para o jovem que só conhece música sertaneja e nunca leu um livro sequer, fica muito mais fácil...
E que isso sirva de alerta para aqueles que memorizam até placa de automóvel, números de telefone, endereços, CPFs, IDs e outras inutilidades mais.
Cuide bem de seu banco de dados!
Talvez Arthur Schopenhauer desconfiasse disso, pois dizia que é melhor não ler nada do que ler porcaria, não necessariamente com estas palavras... Portanto, cuidado! senhores leitores de Paulo Coelho e congêneres, pois autoajuda serve apenas para locupletar o bolso dos autores e entupir os neurônios dos desavisados consumidores.
Além do filósofo, lembrei-me também de Borges e seu belíssimo conto Fumes, o memorioso. Fumes lembrava-se de absolutamente tudo: das folhas das árvores balançando ao vento, da espuma das ondas quebrando nas praias, bastava olhar para o céu para saber das horas, tudo o que havia visto e vivido ele recordava, até que sua cabeça explodiu, também não com estas palavras tão pobres...
Mas os idosos merecem receber um outro tipo de alerta. O perigo reside no fato de que não se pode esperar o resto que nos sobra de vida por uma lembrança. Porque esta lembrança pode não vir. Porque se apagou.
Complicada esta tal de memória! Talvez seja melhor aprender a lidar com a velhice.

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