segunda-feira, 7 de março de 2022

Blog terapêutico (#2)

10 anos de Louco

 

 

Praticar a escrita terapêutica, expressão corrente nesse blog, não significa ‘fazer’ terapia, é bom que se esclareça. Apenas chama atenção para uma possível função terapêutica do hábito de escrever. 

            Esta ideia de escrita terapêutica está presente no Louco por cachorros desde seus primórdios, há quase 10 anos. Sentar-se diante do computador, abrir a tela em branco, pensar e escrever pode ter uma função terapêutica. Antes de tudo, ajuda a organizar os pensamentos. 

            Aqueles que a praticam sabem quão interessante é o processo da escrita. Surge o tema, das mais variadas fontes ou sabe-se-lá-de-onde. Sem a preocupação de se aprofundar nele, o escritor (todo aquele que escreve) começa a escrever. Depois de algum tempo, com calma e certa perseverança, as ideias surgem, às vezes aos borbotões desordenadas, e a história se desenvolve, vai ganhando cores e formas antes não pensadas, de repente desponta um belo final, não previsto pelo autor. De onde vêm as ideias?, muitos haverão de perguntar. Vêm de quem escreve; de quem mais poderia vir?

            Mas há aqueles que não escrevem. Outro dia assisti excelente filme dirigido por Martim Scorsese, rodado em 1975: Alice não mora mais aqui (Alice doesn’t live here anymore), premiado com Oscar de melhor atriz e melhor atriz coadjuvante. Há uma cena em que Alice, de mudança, se despede da grande amiga, ambas aos prantos pela dor da separação. Alice, condoída, afirma:

      – Vou escrever para você! 

      – Não, não vai, as pessoas dizem isso mas nunca escrevem...

      Verdade, as pessoas têm muita dificuldade para escrever, até mesmo uma ‘simples’ cartinha. Diante dessa dificuldade inicial, que tal fazer uso do blog de forma diversificada, com ideias que brotarão da mente do blogueiro da mesma forma que surgem as palavras para quem escreve! É deixar o inconsciente trabalhar.

      As preferências pessoais do blogueiro ditarão os assuntos a serem escolhidos: Cinema, Música, Poesia, Astronomia, Literatura, Fotografia, Filosofia, há quem goste de Mapas, Futebol ou qualquer outra modalidade esportiva, quem sabe não se inicia uma brilhante carreira de microcontista! como ocorreu com meu amigo Moisés, um gênio do gênero! 

            Ainda para os que não escrevem: descubra uma fotografia interessante na Internet, pode até ser uma pintura. Mostro aqui um bom exemplo:

 



      Observe com calma, a mente solta como um passarinho; preste atenção na luz, na rua deserta, nas pernas da moça, cruzadas à espera de alguém tarde da noite, distraída?, ansiosa?, tensa?, você é quem sabe, você decide sobre o destino dela. Pois conte uma história! Se não puder escrever um romance, faça apenas um breve comentário sobre a fotografia. Ambos poderão agradar a um eventual seguidor do blog. (Porém, primordialmente o blog precisa agradar, ser fonte diária de prazer, ao próprio blogueiro.)

      A esta diversificação de temas a serem tratados com maior ou menor profundidade, a depender do gosto e habilidade do blogueiro, com destaque para a escrita terapêutica, citada no texto anterior (*), estou chamando de Blog terapêutico

      Preciso fazer justiça: o mundão da Internet será um grande parceiro àquele que desejar iniciar um blog.

      No próximo texto, como o Louco por cachorros ajudou em minha educação sobre a arte de pintura.

 

 

(*) http://loucoporcachorros.blogspot.com/2022/03/10-anos-de-louco.html

 

2 comentários:

  1. Estou achando interessantíssimo essa função do blog. Essa função de organizar os pensamentos descrita pelo Louco é extraordinária! Adorei também a ideia da mente se soltar feito um passarinho. Imagino o tamanho da força terapêutica que isso tem. E essa capacidade que vai se desenvolvendo de enxergar possibilidades de temas em tudo. Alimento para a manutenção da criatividade! Fantástico.

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  2. Me parece que a dificuldade em escrever tem um componente de medo. Pois de fato as ideias, uma vez iniciadas em texto, adquirem, como se sabe, uma surpreendente autonomia. Ao contrário do que se pensa, nem toda escrita resulta de um perfeito planejamento. Há sempre o "perigo" de o texto ir além do escritor. Falso perigo, que em nada ameaça: ao contrário, pode se tornar uma revelação!

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