segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Futebol, sabor de infância


 

Deyverson marca o segundo gol do Palmeiras

Andres Cuenca Olaondo/ReutersMAIS

 

 

Por quê gosto tanto de futebol? Porque futebol, para mim, tem sabor de infância. Desde pequeno era levado pelas mãos de meu pai ao campo da Esportiva de Guaratinguetá, onde vi jogar Pelé, Coutinho, Djalma Santos, Waldir, Bauer (pelo Bragantino), entre tantos outros craques, além do goleiro e da famosíssima zaga local: Costa, Bolar e Jorge! Dos 6 aos 16 anos de idade, joguei bola quase todo santo dia; aos domingos, de manhã e à tarde! Como tive uma boa infância, futebol para mim sempre foi um manjar.

            Serve a pequena introdução para justificar o amor deste septuagenário pelo esporte bretão – o chavão é indispensável à boa crônica esportiva. Passemos à incontestável vitória do Palmeiras, no último sábado, no Uruguai. O adversário era ninguém menos que o melhor time do país no momento, o Flamengo de Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique, Gabriel, e por que não, Michael. Minha previsão, 3 a 0 para os cariocas.

            Então deu zebra? Não deu zebra porque o Palmeiras jogou melhor, com disciplina tática e disposição física, desde o início do primeiro tempo. Mereceu a vitória, com a ajuda do imponderável!

            O belíssimo gol de Rafael Veiga, o craque do time (juntamente com Weverton, o goleiro), ocorreu aos 6 min de jogo, num passe perfeito de Mayke, lateral reserva de Marcos Rocha. Isso é sempre um perigo para o time que sai na frente, pois haverá tempo de sobra para a reação do adversário. Mas o alviverde continuou jogando bem, com sólida defesa, bem articulada com o meio-de-campo, na espera dos contra-ataques sempre perigosos.

            Esperava-se um Flamengo mais aguerrido, agressivo no segundo tempo, e não deu outra. Até que Gabriel empata o jogo com belo gol, em jogada ensaiada e com dose de sorte, pois a bola passa no mínimo espaço entre a trave e a luva do Weverton. O Palmeiras continuou se defendendo, e o jogo foi para a nervosa prorrogação, sobre-humana mesmo para jogadores e torcedores. Meu deus!

            Quando o histérico português Abel substituiu Rafael Veiga por Deyverson, pensei seriamente em desligar a tevê, a vaca célere em direção ao brejo. Porém, repito à exaustão, Futebol Não Tem Lógica! O pior jogador do time – e escrevo isso me referindo ao jogador, não à pessoa do Deyverson, que nunca vi mais gordo – rouba a bola em falha clamorosa do adversário cujo nome não reproduzo, avança livre para o gol, chuta mal, a bola bate no pé do Diego Alves, passa rente à trave e morre no fundo da rede. Gol do imponderável!

            Dois a um, aos 5 min da prorrogação! O perigo se repete, o Flamengo agora terá 25 min para empatar e até virar o jogo. Sofrimento indescritível para ambas as torcidas!

            O Palmeiras vence. Um grande jogo, o que é incomum em finais desse porte. Jogo limpo, poucas faltas, Gabriel e Felipe Neto sempre reclamando, o que é habitual. De resto, a atuação do árbitro, sem trapalhadas do VAR, foi impecável quase até o final; terminado o tempo regulamentar, ele ainda deu 3 min de prorrogação, num laivo de sadismo. Meu deus!

            Palmeiras Campeão da Libertadores pela segunda vez em 2021! E eu, de volta à boa infância.

      Que venha o Chelsea.

 

 

 

3 comentários:

  1. A crônica é tão boa que até o mais contundido dos flamenguistas deve reverenciar. Precisamos de um português louco a nos comandar. Volta Jesus! (Ou que venha o Abel.

    ResponderExcluir
  2. Excelente, André. A leitura de um texto assim alivia a “dor” da derrota… Abraços

    ResponderExcluir
  3. Os comentários de dois flamenguistas muito me alegram! Obrigado.

    ResponderExcluir