Pesco no Twitter a belíssima fotografia de provável cena rural suíça; além de bela, a intrigante presença humana.
No primeiro plano se destacam as águas cristalinas de um pequeno rio com nascedouro nas montanhas, águas de degelo, e uma singela ponte, ladeada por guardas de 1 m de altura, onde, de costas para o expectador, uma mulher vestindo casaco laranja contempla a majestosa paisagem. A extremidade visível da ponte ancora-se em fundação de pedra de aparência bem antiga; fileira de arbustos na margem direita de quem olha impede que se aviste completamente esta extremidade da ponte.
No segundo plano, de um lado e de outro do rio, pequenas áreas de pasto verdejante, que terminam em um denso bosque de pinheiros, cortado pelo serpentear das águas. À esquerda, o monturo de algo que sugere brita, a despeito de enfear a fotografia, revela que há atividade humana por perto, que não se trata de simples paisagem isolada do mundo. À direita, junto aos arbustos, uma espécie de porteira feita de madeira, semelhante às que se usam em nosso país, pode confirmar que se trata de zona rural.
Ao fundo, espetacular maciço cujo brilho sugere que seja constituído de rocha. (A mesma cor da montanha pode ser observada nas águas abaixo da ponte, de um profundo e belo cinza-azulado escuro.) O céu está tomado por nuvens baixas que chegam até o sopé da montanha.
Chama a atenção deste observador, desde a primeira mirada, a presença feminina, a quebrar possível sensação de solidão e desamparo diante do pico monumental. Imediatamente me surge a questão: o que pensa aquela mulher? Não haverá certezas nas possíveis respostas, porém me ocorrem hipóteses. (As respostas serão sempre relativas a algo que se passa em mim – sou eu quem pergunta e sou eu quem responde. Nada de delírios.)
Se ela crê, há de admirar a obra do Criador, ou pode estar mesmo fazendo uma oração. Se descrê, há pelo menos de se admirar com a evolução por que passou e ainda passa este planeta Terra, de início apenas uma bola de fogo. Se ama viver, aprecia a paisagem. Se não deseja mais viver, avalia a possibilidade de suicídio ao pular naquelas águas geladas, o que é pouco provável, ou estaria virada para o outro lado da ponte, olhando para o rio que corre. Se gosta de escrever, se é uma escritora, haverá de estar pensando em uma boa história para contar. Pode estar apenas cansada, pensando em nada, na paz do lugar. E muito mais, ou nada disso.
Certeza, apenas que se trata de uma simples fotografia na tela de meu computador.
Foto: Fotógrafo não identificado, imagem publicada no Twitter, postagem de pictures@LoveLiberty_1.
Olhar e texto excelentes. Linda paisagem.
ResponderExcluirBelíssima descrição, curiosíssimas especulações! Sobrou apenas a foto.
ResponderExcluirExercício muito praticado no antigo Curso Primário!
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