O papel fundamental da imprensa é informar, dizem. Porém, vez ou outra a regra de ouro é quebrada, para o bem ou para o mal, segundo os diferentes julgadores.
Evita-se dar notícia de suicídio para não proporcionar a repercussão de algo tão nefasto. O torcedor de futebol que invade o campo não aparece na telinha, pelo mesmo motivo. Informações sobre atos terroristas padecem do mesmo tipo de “censura”. Digamos, as intenções são boas.
Agora surge fato de aparente gravidade: o Presidente Trump discursava sobre as apurações de votos da atual eleição nos Estados Unidos quando a transmissão foi subitamente interrompida por pelo menos três grandes emissoras de TV americanas. Em seguida, um jornalista importante de cada um desses órgãos informava ao telespectador que a fala do Presidente fora interrompida porque ele prestava “falsas informações”. Pelo menos uma emissora continuava transmitindo o discurso até seu final, para em seguida condená-lo, como fizeram as demais.
São duas atitudes opostas e discutíveis. A segunda cumpre a regra de ouro: informar antes de tudo; emite depois a opinião da emissora. As que interromperam a transmissão descumpriram a missão precípua da imprensa, e o fizeram por uma razão puramente política. O ineditismo do fato causou grande repercussão, ou seja, foi eficaz a intervenção política.
Pouco ou nada entendo do assunto, do que seria ético ou não, considerando-se o papel fundamental da imprensa. Ao primeiro olhar, fico com a TV que manteve a transmissão até seu final. Eu gostaria de saber o que tem a dizer o Presidente diante da situação crítica, que afeta até mesmo os mercados financeiros de todo o mundo. (Aqui, o dólar caiu...) Se concluo que ele mente, esta é uma opinião que me cabe escolher; não desejo que a imprensa decida por mim.
Porém, não consigo condenar as emissoras que atuaram politicamente, em protesto diante de mentiroso sabidamente contumaz. O homem mente mente mente. Exigir então imparcialidade, mesmo diante de jogo sujo? Seguir cumprindo a regra, quando o outro descumpre todas as regras determinadas pela civilização? Permitir que o expectador seja enganado, descaradamente? Aqueles que apreciam o consequencialismo não podem aprovar tal posição e concordam com a intervenção política das emissoras de TV: cale-se o mitômano!
O que pensa meu caro leitor?
Minha opinião: quando o que se mostra pode induzir nefastas imitações por parte de desequilibrados mentais, então que se evite mostrar. Exemplo: a TV não mostra o torcedor que invade o campo, pois isso induziria outros loucos a fazerem o mesmo. Não era o caso do discurso de Trump. Mas reconheço que o limite é às vezes tênue.
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