Primeiro foi “Por que torço para que Bolsonaro morra”; depois veio “Vender a Amazônia – seria boa ideia os gringos comprarem-na”; e ontem (2 out 2020), “Por que torço para que Trump não se recupere”.
Os três artigos foram publicados recentemente na Folha de S. Paulo e são de autoria de Hélio Schwartsman, por quem nutro profunda admiração, vou logo adiantando. O homem sabe pensar, é o que admiro nele, avis rara nos dias de hoje.
Hélio defende com vigor o Consequencialismo, e explica mais uma vez a filosofia que abraça, na coluna de ontem:
“Na ética consequencialista, que a maioria das pessoas abraça, desde que os problemas sejam apresentados de forma abstrata e sem nomes, ações são valoradas por seus resultados. Se há um trem desembestado prestes a atingir um grupo de cinco que caminha sobre os trilhos e existe a possibilidade de um agente acionar um dispositivo que desvia o comboio para um ramal no qual se encontra um único passante, cerca de 90% das pessoas dizem que puxariam a alavanca, salvando quatro vidas.”
“Desde que os problemas sejam apresentados de forma abstrata e sem nomes”, afirma o mesmo Schwartsman. Mas não é o que ele vem fazendo nas crônicas anunciadas, em que cita nominalmente Bolsonaro, Trump e a Amazônia, particularizando assim seu modo de pensar.
Desejar a morte de alguém me parece intensa manifestação de ódio, difícil de ter o apoio de alguma escola filosófica. Porém não há ódio nas palavras de Schwartsman, é preciso reconhecer isso. Ele defende uma ideia usando apenas a razão, deixando de lado os sentimentos. É o que me parece.
Errado mesmo é o “trem desembestado”.
Gosto de acompanhar o modo livre de pensar de Schwartsman, admiro a coragem dele, leio as críticas a ele endereçadas, algumas plenas de ódio, e concluo ao afirmar que o grande valor do filósofo é pensar e fazer pensar. (Há quem pense que o Hélio está precisando de umas férias...)
Deixemos de lado o certo e o errado.
Ele acha que o afastamento de Trump salvaria muitas vidas. Dá para negar?
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