quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Louise Glück Nobel de Literatura



O então presidente dos EUA Barack Obama cumprimenta 

Louise Glück, ao entregar a ela a National Humanities Medal 

na Casa Branca em 22 de setembro de 2016

Foto: AP Photo/Carolyn Kaster, File

 

 

Louise Glück é a Prêmio Nobel de Literatura em 2020. A reportgem é de Guilherme Sobota, para O Estado de S. Paulo (8 out 2020).

Sua obra é inédita em livro no Brasil. “A escritora foi escolhida "por sua voz poética inconfundível que, com beleza austera, faz universal a existência individual". 

“Glück nasceu em 1943 em Nova York, e atualmente vive em Cambridge, Massachusetts. Além de escritora, ela é professora na Yale University, em Connecticut. Ela estreou na poesia em 1968 com o livro Firstborn, e entre outros prêmios importantes também levou o Pulitzer, pelo livro The Wild Iris, em 1993, e o National Book Award, em 2014. Dois anos depois, ela recebeu a National Humanities Medal do então presidente dos EUA, Barack Obama. 

Louise Glück publicou doze coleções de poesia e alguns volumes de ensaios sobre o assunto. De acordo com a Academia Sueca, seu trabalho é caracterizado por uma busca pela clareza. Entre seus temas, estão a infância, a vida em família, e os sonhos e ilusões são alguns de seus processos na escrita.” 

“O poeta, tradutor, músico e professor Pedro Gonzaga publicou em 2017 e 2018, no blog Estado da Arte, algumas traduções de seus poemas.

 

O dilema de Telêmaco

 

Nunca consigo decidir 

o que escrever 

nas lápides de meus pais. Sei 

o que ele quer: ele quer 

amado, o que por certo 

vai direto ao ponto, particularmente 

se contarmos todas 

as mulheres. Mas 

isso deixa minha mãe 

a descoberto. Ela me diz 

que isto não lhe importa 

para nada; ela prefere 

ser representada por 

suas próprias conquistas. Parece 

pura falta de tato lembrar aos dois 

que alguém não 

honra aos mortos perpetuando 

suas vaidades, suas 

projeções sobre si mesmos. 

Meu próprio gosto dita 

precisão sem 

tagarelice; eles são 

meus pais, consequentemente 

eu os vejo juntos, 

às vezes inclinado a 

marido e mulher, outras a 

forças opostas. 

 

 

Parábola da fera

 

O gato anda em círculos na cozinha 

com o passarinho morto, 

sua nova possessão. 

Alguém deveria discutir 

ética com o gato enquanto ele 

perscruta o débil passarinho: 

nesta casa 

nós não exercemos 

a força deste jeito. 

Diga isso ao animal, 

seus dentes já 

fundos na carne de outro animal.

 

 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,louise-gluck-e-a-premio-nobel-de-literatura-em-2020,70003468088

 

Um comentário:

  1. Desta vez, ao que parece, sem polêmicas quanto à premiação de Literatura.
    O poema "Parábola da fera" é mais interessante.

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