Assim tem início a crônica de hoje de Hélio Schwartsman, “Zumbis existenciais”, para a Folha de S. Paulo:
“Para o ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, a descrença em Deus transforma parte dos jovens brasileiros em zumbis existenciais. Segundo o religioso, a ausência de absolutos e de certezas faz com que vivam uma vida sem propósito nem motivações.”
Schwartsman replica:
“Será? Em “This Life” (esta vida), um dos melhores livros que li na pandemia, o filósofo Martin Hägglund (Yale) defende o avesso da posição do ministro. Para Hägglund, são as incertezas e a precariedade da vida que lhe dão valor. Se pessoas e coisas fossem eternas, aí sim é que não encontraríamos a motivação para nos ocupar delas ou nos importar com seu futuro. A própria ideia de futuro depende da possibilidade de corrupção. A eternidade seria um presente sem fim.”
Se nosso invisível ministro se preocupasse mais com a Educação, oferecendo aos jovens a oportunidade de aprender a pensar – o verdadeiro sentido da palavra EDUCAR –, talvez o dilema “crer ou não crer” pudesse ser analisado por cada um de nós com liberdade, ao longo de nossa existência, independentemente da conclusão a que chegássemos, se é que chegaríamos a alguma conclusão.
Ao contrário, o ministro sabe apenas pregar a verdade baseada na crença pessoal dele. O fundamentalismo não educa, apenas induz ao não-pensar.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2020/09/zumbis-existenciais.shtml
Não há nada mais contraproducente que tentar impor fé.
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