terça-feira, 8 de setembro de 2020

Três fotos de meu pai

Galeria de Família

 

 

Poucas e precárias são as informações que disponho sobre a vida de meu pai em seu tempo de solteiro. Pouca coisa ouvi dele mesmo; de minha avó Cici, apenas uma curiosidade; os ditos de minha mãe nem sempre foram confiáveis, influenciados por forte emoção.

            Ouvi de meu pai que ele fez o Tiro de Guerra, uma espécie de serviço militar, chegando à posição de Instrutor, ainda em Guaratinguetá. Criou a primeira banda com presença de mulheres no Ginásio dirigido pelo pai dele, nosso avô Breno Vianna. Acho que mais nada!

            Minha avó Lucila, chamada de Cici, foi indiscreta uma única vez na vida: me contou que em dias de tempestade, raios e trovões, meu pai, aterrorizado, se escondia debaixo de cama.

            Minha mãe contava que ele se formara em escola técnica de Contabilidade. Já na cidade de São Paulo, para onde se mudara após completar 18 anos? Não sei. Passou em concurso para o Banco do Brasil e morou alguns anos em São Paulo. (Ah!, meu pai se gabava de ter tirado o primeiro lugar em datilografia, com velocidade espantosa no teclado.) Transferiu-se para Ribeirão Preto, mas não sei em que época. Quando voltou para Guaratinguetá? Quando conheceu minha mãe? 






            As três fotografias que agora apresento despertam em mim imensa curiosidade. Certamente foram tiradas em São Paulo, onde ele desfrutava de intensa amizade com rapaz de nome Luís. Penso que ambos moravam na pensão de Dona Cinhaninha (que cheguei a conhecer quando lá estive para me operar do estrabismo, aos 10 anos de idade, mas esta é outra história). Luís era espírita e parece que influenciou fortemente o amigo.

            Ofir, este o nome de meu pai, gostava de carros.  Aparece aqui junto a um automóvel preto, ao lado da porta do motorista, só, muito sério, paletó e gravata, mãos nos bolsos; timidez? Na segunda foto está em companhia de Luís, também ao lado da porta do motorista, ainda de terno e gravata, bastante descontraído, ao sorrir com cigarro na boca. (Nunca soube que ele fumara algum dia.) Agora o carro é bem pequeno, talvez um Sinca V8, o primeiro carro que ele teve, mas já morando em Guará. 

            A partir dessas três fotografias posso perceber o quanto nunca soube sobre a infância, juventude, até a idade de adulto jovem, da vida de meu pai. Quem foi esse grande amigo chamado Luís? O que faziam na cidade grande? De quem eram esses automóveis?

            A discrição extrema de meus avós foi herdada por meu pai, sempre muito econômico sobre seus primeiros tempos de vida. Uma pena, hoje lamento. Não posso imaginar as peripécias de um jovem do interior chegando com poucos recursos na Capital mas gostaria muito de tê-las conhecido. Meu pai dizia que, no inverno, a água congelava nos canos. Isso ele me contou.

.

2 comentários: