"Tinha algo do aspecto indefeso das moças altas."
Guillermo Martínez
A frase escrita por Guillermo Martínez em seu romance Crimes imperceptíveis não de deixa em paz.
Dois dias antes de ler Martínez – portanto não poderia ter sofrido qualquer influência dele – tive um sonho.
Sonhei que passava férias na praia, junto de minha família, quando conheci duas meninas da mesma idade que eu, duas amigas hospedadas na mesma pensão barata, pequena, aconchegante, que facilitava encontros. O que diferenciava as amigas logo à primeira vista era a diferença de estatura entre elas, Lúcia mais baixa do que eu, e Beatriz com seu 1 metro e 80.
Beatriz me fascinava, mas acabei namorando Lúcia. Às escondidas, flertava com Beatriz; ora era correspondido, ora solenemente desprezado. Eu era feliz com Lúcia, menina delicada, inteligente, gostava de leituras, primeira aluna da classe. Beatriz não era nada disso, mas sua altura me fascinava.
Dentro do sonho tive um outro sonho. Sonhei que passeava pela praia com Beatriz, ela com seu braço direito por sobre meu ombro, me envolvendo com um abraço, a enlaçar meu pescoço carinhosamente. Era a felicidade!
Dois dias antes de terminarem as férias – voltando ao sonho original – briguei com Lúcia. Criei coragem e me declarei a Beatriz: É de você que eu gosto! Foram dois dias de namoro intenso, quando descobri que Beatriz estava apaixonada por mim, mas nunca teve coragem de demonstrar seus sentimentos. Beatriz era alta, porém frágil e indefesa.
Concluo afirmando que Martínez viveu experiência semelhante à minha, não sei se em sonho ou na vida real, o que, afinal, pouco importa.
Ótimo texto. Sonho dentro do sonho... Durante a leitura me lembrei de pelo menos duas dessas moças altas que passavam delicadeza e fragilidade contrastantes. Será que as baixinhas são mais invocadas mesmo?
ResponderExcluirFica a dúvida...
ExcluirTexto muito curioso! Caso raro de "metasonho"...
ResponderExcluirMas a fragilidade das moças altas é mesmo intrigante.