sábado, 20 de junho de 2020

Dois irmãos constrangidos

Galeria de Família




A escola – o famoso Instituto de Educação “Conselheiro Rodrigues Alves” – tirou uma manhã para fotografar todos os alunos. Com certeza contratou fotógrafo profissional.
            Os alunos sentavam em frente a uma pequena mesa, pegavam da caneta, fingiam escrever alguma coisa num caderno aberto sobre a mesa, os olhos pregados na câmera, e ao fundo a Bandeira Nacional, salve salve o pendão da esperança!
            Paulo Sergio foi assim fotografado ainda no curso primário, penso eu, usando suspensórios, o cabelo bem cortado, a mão esquerda fechada a sugerir alguma tensão, e o olhar mais doce do mundo! 
            Em tempo, a escola era ótima, ensino de primeira, mas os alunos adoravam cantar o refrão: Instituto de Educação, entra burro e sai ladrão!
            



Custei a encontrar a minha foto tirada no mesmo dia – o pendant que faltava. Cursava o segundo ou terceiro ano do primário, hoje fundamental.
Arrumaram-me, ainda por cima, um paletó de brim que não era meu; a caneta e o caderno não eram meus; no linguajar de hoje, a foto é fake!
        Nunca gostei dessa foto, especialmente por causa daquele cabelinho à direita; hoje não vejo nada demais nele, mas quando criança, aquilo me despertava muita raiva. Quem penteou meu cabelo daquele jeito?


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