Meu querido André,
há um bom tempo não nos comunicamos mas nunca deixei de pensar em você e arrisco dizer que o mesmo acontece com você que nunca deixou de pensar em mim. Pretensão minha? Acho que não, você até publicou no blog meu encontro com Ramos, o jornalista.
Estive ocupada mesmo, verdade, mudei-me para F. com o plano de investir em um Instituto de Beleza, e está dando certo, pode acreditar, a clientela logo aprovou o lugar, tornou-se fiel, às vezes é duro aguentar essas madames metidas a besta com rei na barriga e bosta na cabeça, mas elas me pagam bem e posso pagar bem minhas funcionárias, de modo que vou vivendo com certo conforto, carrinho novo, pagando prestações da casa própria, curtindo a tranquilidade da cidade de interior... até que BUUUMMM, a pandemia!
(Estou cumprindo à risca o isolamento social, o salão fechado. Às vezes vou em casa de um cliente, cobro caro.)
Aproveito o tempo para ler e escrever um pouco. Uma grata surpresa foi o aparecimento de um tal de Moisés em seu blog, André! O rapaz escreve microcontos como ninguém. Adorei um que diz “Justamente agora que as câmaras estão por toda parte, os discos voadores resolveram abandonar a terra.” Bela observação!
Parece que você gosta dele, um novo amigo é sempre uma festa na vida da gente. Perder um amigo é sempre trágico na vida da gente.
Notícia boa também foi a publicação do livro de poemas do Paulo Sergio, seu irmão, com lindo título, Esmo, a capa belíssima, fiquei louca para comprar; como fazer, André?; arruma um para mim, por favor. Com dedicatória, tá! (Suzete com Z.)
Mas ando tristíssima com essa tragédia do corona-vírus, a televisão todos os dias anunciando o aumento do número de mortos, os mortos enterrados em valas comuns sem que os familiares possam se despedir, mortos mortos mortos escreveria você, que gosta de repetir as palavras, era o caso de escrever horror horror horror, e não sabemos onde isso vai parar. Não quero esticar esse assunto. Quero apenas dizer que estou muito triste.
Ler ajuda, escrever ajuda, mas sinto falta de conversar com os poucos amigos que tenho, abraçar eles, sair com eles para um barzinho e tomar vinho tinto para esquentar o coração nessas noites frias de fim de outono.
Escrever a você ajuda muito, querido André. Responda, por favor.
Da sempre sua,
Suzete.
Amo a Suzete, queremos um livro só dela!!!
ResponderExcluirSe não cobrasse tão caro pediria para ela vir aqui em casa cortar o meu cabelo.
ResponderExcluirSuzete é uma alma sensível. Vamos despachar um Esmo pra ela...
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