Ao meu irmão Paulo
VI
A proa é que é,
é que é timão
furando em cheio,
furando em vão.
A proa é que é ave,
peixe de velas,
velas e penas,
tudo o que é a nave.
A proa é em si,
em si andada.
Ave poesia,
ela e mais nada.
Soa que soa
fendendo a vaga,
peixe que voa,
ave, voo, som.
Proa sem quilha,
ave em si e proa,
peixe sonoro
que em si reboa.
Peixe veleiro,
que tudo o deixe
ser só o que é:
anterior peixe.
Jorge de Lima
Invenção de Orfeu (fragmento)
Poesia completa
Ed. Nova Aguilar, 1997.
Isso sim, é Poesia!
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