“Creio que o fenômeno seja comum à maioria dos idosos, mas a verdade é que, nos últimos tempos, nenhum dia se passa sem que eu não pense em minha própria morte. Não só nos últimos tempos, porém, no meu caso. Eu pensava nisso desde muito antes, desde a época em que eu tinha meus vinte anos, mas a recorrência do pensamento é tão grande, atualmente, que impressiona. “Pode ser que eu morra hoje”, imagino cerca de duas ou três vezes ao dia. A ideia não vem necessariamente acompanhada de medo. Na minha juventude, vinha associada a uma intensa sensação de pavor. Agora, porém, chega até a me proporcionar certo prazer. Em compensação, fico imaginando pormenorizadamente as cenas que se seguirão à minha morte. O velório, por exemplo...”
Extraído de Diário de um velho louco,
de Jun‘Ichiro Tanizaki, Estação Liberdade, 2016, tradução de Leiko Gotoda.
O eterno fantasma!
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