sábado, 9 de novembro de 2019

Um pequeno caderno


Assinala Walter Isaacson, em sua magistral biografia Leonardo da Vinci (Intrínseca, 2017), em capítulo especial sobre Os cadernos de Leonardo:

“Por ser descendente de uma longa linhagem de tabeliães, Leonardo d Vinci tinha talento inato para manter registros. Rascunhar observações, listas, ideias e desenhos foi algo que aflorou naturalmente. No começo da década de 1480, pouco depois de sua chegada a Milão, ele deu início a uma prática que o acompanharia pelo resto da vida: a de fazer registros com regularidade. Alguns dos cadernos começaram como folhas soltas do tamanho de um jornal em formato tabloide. Outros eram pequenos livretos encapados em couro ou papel velino feito um livro de bolso ou até menores, que ele levava consigo para tomar notas.”

            A respeito das mil e uma utilidades de tais cadernos, é o próprio Leonardo quem fala, segundo Isaacson:

“Um dos propósitos dos cadernos era o de registrar cenas interessantes, sobretudo aquelas envolvendo pessoas e emoções. “Conforme você andar pela cidade”, escreveu em um deles, “observe constantemente, faça anotações e analise as circunstâncias e o comportamento dos homens enquanto eles falam e discutem, ou riem, ou partem para as vias de fato”. Com isso em mente, Leonardo levava um caderninho pendurado no cinto.”








            Passados 500 anos, poder ver, olhar e reparar em um desses preciosos caderninhos – que viviam pendurados no cinto do homem – não é pouca coisa. Saber que ele não se interessava apenas por arte e ciência, mas também pelo comportamento das pessoas, isso engrandece ainda mais nossa admiração pelo gênio. Emociona como o diabo.

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