quarta-feira, 1 de maio de 2019

Green book - o guia



Eu não me lembrava, mas fui advertido de que em 1989, recebeu Oscar de Melhor Filme o ótimo Conduzindo Miss Daisy, onde uma senhora branca conservadora tinha como motorista um homem negro, a suscitar discussões sobre racismo e desigualdade social.
Quase trinta anos depois surge o igualmente ótimo Green Book, o guia, agora com papéis invertidos: um negro educado, artista renomado, contrata um sujeito branco, racista, semianalfabeto, bronco ao extremo, para trabalhar como seu motorista e assistente. A direção é de Peter Farrelly. 
Viggo Mortensen revela desempenho espetacular como o motorista Tony Lip (ou Tony Bocudo), apelido perfeito porque ele só fala besteira. Mahershala Ali está no papel de Don Shirley, ou Doutor Shirley, um negro com pós-graduação em música e outros saberes, conceituado pianista, líder do trio que toca um jazz maravilhoso. 
Dr. Shirley e Tony saem por uma turnê de dois meses (o pianista liga para a esposa do motorista para saber se ela autoriza o marido permanecer fora de casa por período tão longo) pelo sul dos Estados Unidos, no início dos anos 60.
O preconceito racial estúpido reinante na época (e não faz tanto tempo assim!) é exposto cruamente, quando o artista precisa se hospedar em hotéis baratos, frequentar restaurantes de baixa categoria, usar banheiros só para negros. O green book indicava os locais permitidos aos negros.
Ao viver essas experiências, Tony torna-se mais tolerante e Shiley aprende com ele. Tudo com bastante humor e toques de delicadeza que chegam a emocionar! (As relações humanas vividas com intensidade sempre acabam por nos ensinar muitas coisas. É a escola da vida.) E o filme faz a gente pensar, o que não é pouco.
O mais interessante, intrigante mesmo, são as razões pelas quais o artista negro resolve apresentar-se à sociedade branca e racista do sul dos Estados Unidos, e submeter-se a tantas humilhações, o que seu motorista branco não consegue entender. Deixo a interrogação para o leitor, que espero veja o filme.
O roteiro é escrito por Nick Vallelonga (filho de Tony Lip na vida real). 
Um ótimo filme!


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