Obra Três Orixás da pintora Djanira da Motta e Silva,
em exposição em uma sala do Palácio do Planalto
Foto: Roberto Stuckert Filho /Divulgação
A reportagem é de Mariana Carneiro Gustavo Uribe para a Folha de S. Paulo (17.dez.2018), sob o título Obras sacras serão retiradas do Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro irá morar, e dá o que pensar.
O ex-curador da Presidência da República Rogério Carvalho afirma que é natural que o novo presidente faça mudanças na área privativa, cujo acesso não é público. “Mas, na parte pública, o ideal é que as peças de arte sejam mantidas para preservar a leitura histórica”. Ele conta que o presidente Ernesto Geisel, que era luterano, pediu a retirada da pintura “Orixás”, de Djanira da Motta. A tela de grande formato com divindades do candomblé, só voltou a ser exposta nos palácios do governo anos depois, pelas mãos da ex-primeira-dama Ruth Cardoso. A pintura, hoje exibida no segundo andar do Palácio do Planalto, também deve deixar as vistas da família de Jair Bolsonaro, com previsão de que seja cedida para exposição no Masp.
Afirma Uribe: "Com a posse de Jair Bolsonaro, obras de arte com imagens sacras devem ser transferidas do Palácio da Alvorada, onde irá morar a família do presidente eleito, rumo ao Palácio do Jaburu.
Hoje, a residência oficial apresenta como parte de seu mobiliário cinco peças de simbologia católica: um par de anjos barrocos tocheiros, na biblioteca, e quatro estátuas de santos nas salas de música e de estado. Uma das imagens é uma representação em madeira de Santa Bárbara, do século 18. O vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, confirmou o recebimento da escultura."
“Segundo relatos feitos à Folha por três funcionários do Palácio do Planalto, a transferência ocorrerá após a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ter demonstrado o desejo de que as obras fossem retiradas. A mulher do presidente eleito frequenta a Igreja Batista Atitude, no Rio de Janeiro. As denominações evangélicas não costumam venerar esculturas de santo.”
Informa ainda a reportagem que “Recentemente, o acervo do Palácio da Alvorada passou por uma recuperação histórica. As peças restauradas são estimadas em R$ 2,5 milhões e a residência oficial voltou a ter mobiliário elaborado por Oscar e Anna Maria Niemeyer.”
Penso que uma coisa é não venerar imagens, o que representa indiscutível direito de qualquer pessoa; outra coisa é não tolerar a presença de uma obra de arte, uma pintura ou escultura, porque representam imagens sacras. Então tais pessoas não poderão visitar um grande museu, como o Louvre ou a National Gallery de Londres, repletos de coleções de arte sacra pré-renascentista, obras fundamentais para o entendimento da História da Arte.
As peças citadas e que serão removidas do Alvorada fazem parte da História da Arte do Brasil, sob a assinatura do casal Niemeyer, o que representa verdadeiro ato de violência.
A isso dá-se o nome de obscurantismo.
Há pessoas que não sabem separar suas crenças das paisagens do mundo. Parece que o mundo só pode conter as suas crenças! O "resto" não pode existir!
ResponderExcluirÉ incrível!